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QUEM DIZEM OS HOMENS QUE EU SOU?
QUEM DIZEM OS HOMENS QUE EU SOU?

QUEM DIZEM OS HOMENS QUE EU SOU?

 

 

O que dizem os homens acerca de Yeshu
        Já nos tempos de Yeshu Meshicha, existia entre seus contemporâneos, muitas dúvidas e contradições à respeito de sua pessoa. E podemos afirmar que até aos dias de hoje, passados  quase 2000 anos, de sua morte e ressurreição, o mesmo Yeshu Meshicha continua sendo ainda, uma figura enigmática.
        Segundo a narrativa constante do Evangelho de Marcos no capítulo 8:27-29, reforçado por outros trechos dos sinóticos (Mateus 16:13-17 e Lucas 9:18-20), lemos que o senhor Yeshu Meshicha partindo para as aldeias de Cesareia de Filipe (governada na época pelo tetrarca Filipe, outro filho de Herodes, o Grande), no caminho, se dirige aos seus discípulos e faz-lhes a surpreendente pergunta: “Quem dizem os homens que eu sou?”.
       A princípio, diríamos que esta não seria uma pergunta difícil de responder. Entretanto, já naqueles dias, as respostas foram das mais confusas possíveis. Conforme relatos dos evangelhos de Marcos e Lucas: “E saiu Yeshu, e os seus discípulos, para as aldeias de Cesareia de Filipe; e no caminho perguntou aos seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou? E eles responderam: Yochanan o Batista; e outros: Eliah; mas outros: Um dos profetas”. [Marcos 8:27-29];”  E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou? E, respondendo eles, disseram: Yochanan o Batista; outros, Eliah, e outros que um dos antigos profetas ressuscitou”. [Lucas 9:18-20]. No evangelho de Mateus 16:13,14, vemos acrescentada a figura do profeta Jeremias: “E, chegando Yeshu às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, Yochanan o Batista; outros, Eliah; e outros, Yirmiah, ou um dos profetas”. 
    Podemos observar pela multiplicidade de respostas, que enquanto Yeshu Meshicha, viveu entre nós, já nos seus dias, corriam entre o povo, os conceitos mais desencontrados a seu respeito. Afora os que eram hostis a ele, é evidente que a atitude mais comum de alguns do povo era ver em Yeshu um profeta, um homem de Yahveh, um Eliah, Yirmiah ou Yochanan o Batista, já    que esta era uma tradição, um tipo bem conhecido no judaísmo. Yeshu foi profeta? Muitos lhe atribuíram o título: Na entrada de Yerushalém, era assim que muita gente o olhava (Matthai 21:10-11 “E, entrando ele em Yerushalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este? E a multidão dizia: Este é Yeshu, o profeta de Nazaré da Galiléia”. E foi assim igualmente que dois discípulos o teriam qualificado no episódio ocorrido na estrada para Emaús – Lucas 24:18-20 “E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Yerushalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Yeshu Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Yahveh e de todo o povo; E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o mataram no madeiro”. Também os moradores da cidade de Naim, assim o viram quando da ressurreição do filho único de uma viúva – Lucas 7:16 “E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Yahveh, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Elohim visitou o seu povo”, etc. Mais do que qualquer outra figura do judaísmo, ele  assemelha-se a um profeta: Fala em nome de Yahveh, situa-se fora das estruturas culturais e políticas da época, não se serve de fórmulas proféticas, mas fala e ensina com a autoridade que lhe é própria. De certo, vê-lo como profeta, segundo a concepção de alguns dentre o povo, não era errado, mas ele, Yeshu, nunca se o atribuiu, como não revindica o título a si mesmo, embora não recusou para si a designação de profeta. Mas já não bastava, pois a seus olhos Yochanan o Batista  (onde a nova aliança apresenta como o último dos profetas da antiga aliança,o precursor do Meshicha – Matthai 11: 10-13; Lucas 16: 16; Yochanan 3: 28; Atos 3:28; 13: 24, 25 – fora mais que um profeta: “E, partindo eles, começou Yeshu a dizer às turbas, a respeito de Yochanan: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu,  e muito mais do que profeta”. [Matthai 11: 7-9; Lucas 7: 24-26]
        De fato, Yochanan o Batista, que fora enviado por Yahveh, como precursor do Meshicha: “Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou Meshicha, mas sou enviado adiante dele”. [João 3: 28] – como o mensageiro da nova aliança profetizado em Malaquias 3:1. Sem dúvida alguma,  foi muito mais do que profeta.  Ele era aquele de quem estava escrito: ““Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim... Eis que vos envio o profeta Eliah antes que venha o dia grande e terrível de Yahveh; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus filhos a seus pais, para que eu não venha, e fira a terra com maldição”. [Malaquias 3:1; 4: 5, 6; Matthai 11: 10-14; 17: 10-13; Lucas 1:17; 7:27; Marcos  9: 11-13]
          Diga-se, de passagem, que este mesmo Yochanan o Batista, como precursor do Meshicha, considerado por Yeshu; “muito mais que profeta”, só reconheceu Yeshu como Meshicha prometido, como também ensinava à todos aqueles que vinham ter com ele, dizendo: “Vós mesmos me sois testemunhas de que disse: Eu não sou Meshicha, mas sou o enviado adiante dele.” [Yochanan 3:28] ; “...E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das suas alparcas. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o espírito de santidade de Yahveh”. [Marcos1: 7,8]. No evangelho de Yochanan 10: 40-42, encontramos registrado que Yeshu: 

“E retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde Yochanan tinha primeiramente batizado; e ali ficou. E muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade Yochanan não fez sinal algum, mas tudo quanto Yochanan disse deste era verdade. E muitos ali creram nele”.
        Yochanan o Batista, enviado por YHWH como profeta e precursor do Meshicha, era tão grande na sua mensagem, que os próprios religiosos da época, os fariseus, não ousavam pôr em dúvida a autenticidade de sua missão, quando Yeshu reduziu os fariseus ao silêncio perguntando-lhes:
    “O batismo de Yochanan, de onde era? Do céu, ou dos homens? E pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram Yochanan como profeta. E, respondendo a Yeshu, disseram: Não sabemos. Ele disse-lhes: Nem eu vos digo com que autoridade faço isto”. [Matthai 21: 25-27; Marcos 11: 30-33; Lucas 20: 4-8]. 
      Os fariseus,se omitindo, preferiam não responder a pergunta de Yeshu, dizendo que não sabiam para não aceitar a verdade. “Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? E, se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram Yochanan como profeta”.
        O batismo de Yochanan, era um símbolo de arrependimento ao qual conclamava – constituía uma preparação do povo, para aceitação daquele que estava por vir e que já estava entre eles – Meshicha. Os evangelhos dão testemunho do grande número de israelitas que iam ter com Yochanan, para vê-lo e ouvi-lo (Matthai 3:5, 6; Marcos 1: 5) e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando seus pecados.Assim como Yochanan, o Batista, muitos e não poucos, dentre o povo, reconheceram Yeshu como  Meshicha prometido, segundo as escrituras proféticas.
        Portanto, as respostas trazidas, a Yeshu, pelos seus discípulos, constantes em Marcos 8: 27-29, representavam, sem sombra de dúvida, as opiniões desencontradas de alguns dentre o povo, daqueles que não conheceram e não ouviram a mensagem de Yochanan, o Batista.Não que este tipo de reconhecimento – como profeta – não fosse importante, mas era imprescindível a Yeshu, saber, o que pensavam a seu respeito,nãoso homens, mas seus próprios discípulos, e para tanto, faz-lhes novamente uma segunda e decisiva pergunta, agora, não para colher as opiniões do povo, mas para ser respondida diretamente pelos seus discípulos, os membros da congregação que Yeshu estava regenerando, o Tabernáculo de David. 
Mas vós, quem dizeis que eu sou?
        Com esta nova pergunta, Yeshu Mashicha,  não esperava ouvir, ao lado dos múltiplos  conceitos que corriam a seu respeito, uma resposta comum à do povo, mas sim uma resposta à altura das demais. E Pedro, respondendo pela congregação, fez a seguinte e incontestável declaração de fé: “TU ÉS MESHICHA”, (Marcos 8:29; Matthai 16:16; Lucas 9:20). A resposta e confissão de Kepha:”Tu és Meshicha”, recebeu a aprovação expressiva do Meshicha. Kepha [Pedro] é declarado bem-aventurado; é revelado a Pedro a origem misteriosa de seu reconhecimento: “Bem-aventurado és, Simon BarYona, porque não foi a carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus”. [Matthai 16:17]
        Atribuiu-se a confissão de Kepha à revelação. A confissão de Kepha, representava para Yeshu Meshicha, não a simples e desencontrada opinião do povo, mas um verdadeiro reconhecimento de confissão de fé da congregação, sobre sua pessoa e obra. É evidente ainda na confissão de Kepha, que a congregação, nos seus primórdios, via Yeshu, não como simplesmente um profeta, um grande pregador e operador de curas maravilhosas, e muito menos como um ser divino preexistente, encarnado no ventre de uma virgem, mas, comprovadamente como Meshicha prometido nas escrituras proféticas – O descendente legítimo da linhagem (família) do rei David, a prometida semente de Gênesis 3:15, e disto deu testemunho o próprio apóstolo em seu discurso no dia de pentecostes, à todos os que se encontravam em Yerushalém e que ouviram a Palavra de Salvação do Eterno: “Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Yahveh lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Meshicha, para o assentar sobre o seu trono, Nesta previsão, disse da ressurreição do Meshicha, que a sua alma não foi deixada na sepultura, nem a sua carne viu a corrupção. Yahveh ressuscitou a este Yeshu, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Yahveh, e tendo recebido do Pai a promessa do espírito de santidade, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque David não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse Yahveh ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.  Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Yeshu, a quem vós matastes no madeiro, Yahveh o fez Senhor e Meshicha”. [Atos 2:29-36]
        Igualmente a Kepha, também Shaul [Paulo], pregando aos judeus, numa sinagoga em Antioquia, da Pisidia, testemunhou a respeito de Yeshu, dizendo –  “E, depois disto, por quase quatrocentos e cinquenta anos, lhes deu juízes, até ao profeta Samuel. E depois pediram um rei, e Yahveh lhes deu por quarenta anos, a Shaul filho de Quis, homem da tribo de Benjamim. E, quando este foi retirado, levantou-lhes como rei a David, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a David, filho de Yishai, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade. Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Yahveh a Yeshu para Salvador de Israel; Tendo primeiramente Yochanan, antes do inicio do ministério dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo do arrependimento. Mas Yochanan, quando completava a carreira, disse: Quem pensais vós que eu sou? Eu não sou o Meshicha; mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés. Homens irmãos, filhos da geração de Abraham, e os que dentre vós temem a Yahveh, a vós vos é enviada a palavra desta salvação. Por não terem conhecido a este, os que habitavam em Yerushalém, e os seus príncipes, condenaram-no, cumprindo assim as vozes dos profetas que se leem todos os sábados. E, embora não achassem nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto. E, havendo eles cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura; Mas Yahveh o ressuscitou dentre os mortos. E ele por muitos dias foi visto pelos que subiram com ele da Galileia a Yerushalém, e são suas testemunhas para com o povo.  E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Yahveh a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Yeshu”. [Atos 13:20-32]
        O reconhecimento e a mensagem de Yochanan o Batista, os testemunhos dos discípulos Kepha e Paulo, e de outros eloquentes mensageiros como Apolo (Atos 18: 24-28), e de muitos outros mensageiros enviados por Yahveh, são incontestáveis provas, de que as congregações, no seu primórdio, não via a Yeshu, como simplesmente um grande profeta, mas comprovadamente, como Meshicha, o descendente legítimo da linhagem (família), da semente de David, prometido (e parte do plano de redenção do Eterno) por Yahveh, aos seus profetas, nas santas escrituras, e que se cumpriram fielmente no filho do homem, Yeshu. (Lucas 24: 44,45)
        Quanto à “revelação” do Jesus (Yeshu de acordo o original hebraico) da cristandade, como verbo divino, preexistente e encarnado de no ventre de uma virgem, deus feito carne, etc., não veio de Yahveh, ou de Seus profetas, ou do espírito de santidade de Yahveh, mas comprovadamente, através de decisões ecumênicas dos quatro primeiros séculos pós-invenção do cristianismo, que travaram lutas incansáveis com o fito de definir os dogmas trinitário e cristológico.
        É importante ressaltar nesse contexto, que quando da confissão de Pedro: “Tu és Meshicha”, revelado pelo espírito de santidade de Yahveh, se os discípulos primitivos, na sua fé primitiva reconhecessem ao Meshicha Yeshu, como: o verbo divino, preexistente, encarnado no ventre da virgem Mariam, deus feito carne, com toda a certeza o apóstolo Kepha [Pedro] o confessaria como tal, dado a origem de sua confissão – “E Yeshu, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simon Bar Yona,  porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus”. [Matthai 16:17]. Uma confirmação evidente da frase de Yeshu: “...  ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. [Mateus 11:27]
          Conforme veremos neste estudo, a verdade é que, deve-se aos quatro primeiros concílios ecumênicos (“os quatro evangelhos da Ortodoxia”, na expressão de Gregório Magno), a firmeza do resultado final: a paz na unânime confissão de “Cristo” como: “Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem”.
        De fato, a igreja católica romana, na elaboração do dogma trinitário, precisava confessar e definir: O Cristo da cristandade como – o verbo encarnado, onde através da união hipostática das duas naturezas (divina e humana), no quarto concílio ecumênico de Calcedônia, em 451 E.C., formulou-se a expressão: “vere Deus et vere Homo” – Verdadeiramente Deus e Verdadeiramente    Homem. Em relação a divindade a divindade e a humanidade do Cristo da cristandade, definição esta contrária à resposta e confissão de Pedro: “Tu és Meshicha”. Esta sempre será a resposta correta daqueles que, com sinceridade, buscam a linhagem de fé profética e apostólica das congregações primitivas (do 1º século).
        O verdadeiro Meshicha, segundo as profecias da Palavra de Yahveh, seria um descendente legítimo da linhagem (família) do grande rei David – O Leão da tribo de Yehudah, profetizado em Gênesis 49: 9, 10 e revelado a Yochanan, na ilha chamada Patmos, por um dos vinte e quatro anciãos (Apocalipse 5: 5) e jamais uma encarnação divina – O LOGOS (o VERBO preexistente encarnado no ventre de uma virgem) – um conceito que surgiu primeiro com o filósofo Filo de Alexandria, ou seja, um conceito filosófico extraído, plagiado da confluência entre o cristianismo e o Helenismo, onde através deste sincretismo religioso, o LOGOS, grego, a “essência divina”, “o verbo ou palavra divina”, encarnou-se e se fez homem. Daí se segue inevitavelmente o passo final, tomado pelos teólogos dos séculos IV e V – CRISTO como DEUS-HOMEM, encarnado, uma só pessoa com duas naturezas (divina e humana), misteriosamente unidas e separadas, e declarado pela igreja católica romana, através dos grandes concílios ecumênicos como: “Verdadeiramente Deus e Verdadeiramente Homem”, o que constitui um tremendo engano religioso e paradoxo, à luz do contexto profético sobre o verdadeiro Meshicha.
          E não diz as Escrituras que o Mashiach que o Meshicha vem da descendência de David? – “Não diz a Escritura que o Meshicha vem da descendência de David, e de Belém, da aldeia de onde era David?” [Yochanan 7:42]. Sim não só diz (como estaremos verificando na continuação deste estudo, quando estaremos entrando nas profecias messiânicas), como o próprio Meshicha de Yahveh – Yeshu, a quem devemos ouvir – (Lucas 9:34,35; Yeshaíah 42: 1-4), testificou dizendo: “Eu, Yeshu, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas congregações. Eu sou a raiz e a geração de David, a resplandecente estrela da manhã”.
Breve relato da criação – a promessa de redenção
        O estudo das profecias sobre o Meshicha tem sua origem na criação. No livro de Gênesis 2:16,17 encontramos o seguinte mandamento dado por Yahveh ao  primeiro casal da raça humana - Adam e Hava: “E ordenou Yahveh Elohim ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. A princípio, poderíamos supor que Adam e Hava não tivessem dificuldades em obedecer a esse mandamento, mas alguém mais entrou no quadro: Satan, que dirige os espíritos maus que conspiram contra Yahveh, como serpente (Apocalipse 12:9; 20:2) com suas mentiras (Yochanan 8:44), induziu Hava a comer do fruto proibido. Adam acompanhou a mulher na desobediência e ambos pecaram contra Yahveh. Em vez de viverem em harmonia com o Criador, incorreram no desfavor de Yahveh e começaram uma vida de pecado e miséria. A vida plena e feliz vivida no Éden lhes fora tirada! O propósito divino de harmonia entre o homem e o seu Criador havia sido tocado pelo mal (Satan) aqui representado no Gênesis com a serpente. Satan influenciou o primeiro casal a fazer mau uso da livre ação, escolhendo desobedecer ao seu próprio Criador. Por haver desobedecido à ordem divina, o homem estava agora condenado à morte: “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”. [Tiago 1:15]. Restava agora ao casal ser expulso do jardim do Éden! Significava isso que o propósito de Yahveh para com a humanidade foi frustrado ou fracassou? Não, antes significava que o plano (Logos) de Yahveh prosseguiria como idealizado desde antes da criação, para que o propósito original de Yahveh de ter uma humanidade que o adorasse por amor se confirmasse. Na sequência do plano divino agora seria necessário restaurar a vida plena do homem em Sua presença, que este perdeu pelo pecado (desobediência). Para isso, Yahveh, prometeu a Adam e Hava (progenitores de toda posteridade) que enviaria um redentor – também chamado Meshicha, o qual poderosamente, restauraria e reconciliaria todas as coisas ao Eterno Criador, mediante a destruição de Satan e o império da morte: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Yahveh; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há no Meshicha Yeshu. Ao qual Yahveh propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Yahveh”. [Romanos 3:23-25] – “Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele”. [Oséias 6:2]
        A Palavra de Yahveh – nos revela como o Eterno Criador realizou seu plano de salvação, contido em seu plano original, através dos séculos. Nela está registrado o que, essencialmente, necessitamos saber a fim de compreendermos a história da Redenção.
Uma semente – um descendente prometido
          Em Gênesis 3:15 encontramos registrada a seguinte sentença: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. Ao pronunciar esta sentença para os envolvidos na rebelião contra Sua autoridade, Yahveh declarou que suscitaria uma “semente” ou “descendente” que desfaria os danos causados pelo instigador da rebelião – Satan.
          No tocante, ao texto em pauta, convém esclarecer que o mesmo é mal interpretado devido à tradução errada da Vulgata:“ela  te esmagará a cabeça”, ao passo que no texto original em hebraico, temos: “ele  te esmagará a cabeça”. O pronome masculino “ELE” (Hu’  em hebraico), indica que não a mulher (aqui representada, simbolicamente, como linhagem ou povo) mas,  UM  de seus descendentes – o MESHICHA, nasceria para lutar e destruir a serpente (Satanás) e sua semente maligna. Esse “descendente” da linhagem santa se relaciona perfeitamente com a realização do propósito do Criador para a humanidade, como um todo, conforme registrado em Gênesis 22:18 – “E em tua semente serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz”. Onde o patriarca Abraham recebeu de Yahveh a promessa contida no texto acima. Neste contexto, diga-se, de passagem, que o Mashiach prometido – o descendente da semente santa – viria da semente de Abraham – “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraham”. [Hebreus 2: 14-16]
          Porém, diversas coisas importantes aconteceram no período que decorre entre Adam e Abraham. Por exemplo: houve o primeiro homicídio. Adam e Hava tiveram muitos filhos e filhas (Gênesis 5:4), mas a Palavra de Yahveh cita somente alguns por serem importantes para a história da redenção, são eles: Caim, Abel e Sete.  Abel era justo e ofereceu a YHWH maior sacrifício do que Caim (Hebreus 11:4). Abel, certamente, mediante seu caráter e justiça, representava a semente (linhagem). Caim, movido de ciúme, matou seu irmão Abel. Por esse terrível fato e caráter pecaminoso, Caim é aqui caracterizado como instrumento do maligno como lemos em 1Yochanan 3:12 – “Não como Caim, que era  do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas”. Mas para que houvesse a continuação da linhagem santa, Yahveh deu a Adam e Hava, o terceiro filho – Sete, que tomou o lugar de Abel: “E tornou Adam a conhecer a sua mulher; e ela deu à luz um filho, e chamou o seu nome Sete; porque, disse ela, Yahveh me deu outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou”. [Gênesis 4:25]
          O redentor do mundo – o descendente prometido – o Meshicha, viria da família (linhagem) de Sete: “E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome de Yahveh”. [Gênesis 4:26]. Enos, gerou a Quenã, Quenã gerou a Maalalel, Maalalel gerou a Yarede e Yarede gerou a Enoque – “E andou Enoque com Yahveh, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas”. [Gênesis 5:22]. Matusalém gerou a Lameque. E Lameque gerou um filho – “A quem chamou Noah, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, por causa da terra que Yahveh amaldiçoou”. [Gênesis 5:29] 
        O mal havia se espalhado sobre toda a face da terra. O gênero humano encontrava-se totalmente corrompido em seus caminhos e novamente afastado da presença de Yahveh. Yahveh havia determinado: iria destruir toda aquela geração perversa e pecaminosa através de um grande dilúvio sobre a terra. Mas, onde estava a semente santa? – “Noah, porém, achou graça aos olhos de Yahveh. Estas são as gerações de Noah. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noah andava com Yahveh. E gerou Noah três filhos: Sem, Chan e Yafet”. [Gênesis 6:8-10]. Ali estava a semente santa, da qual viria o redentor da humanidade, o descendente prometido em Gênesis 3:15. E disse Yahveh a Noah: “Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo”. [Gênesis 6:18]. Esse pacto ou aliança, evidentemente, tratava-se da promessa feita por Yahveh, no princípio, na criação, contida no Seu plano de redenção – do descendente que nasceria da descendência/linhagem bendita para por fim a existência e a rebelião de Satan. Então, Yahveh, por intermédio de Noé, descreveu o curso da história subsequente. Um descendente de Sem, filho de Noah, traria a salvação ao mundo, e que os descendentes de Yafet participariam dessa salvação. “E Abençoou Yahveh a Noah e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra”. [Gênesis 9:1]. Com o crescimento da raça humana sobre a terra, crescia novamente a maldade no coração do homem, o pecado e idolatria. Portanto, para trazer salvação a humanidade, o Criador da linhagem – descendência de Sem (Gênesis 11:20-27), escolhe a família de Abraham (Gênesis 12:1-3). De Abraham, viria o descendente prometido – o Meshicha. “Ora, as promessas foram feitas a Abraham e à sua descendência. Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é o Meshicha”. [Gálatas 3:16].
          Abraham foi o pai de muitas nações (Gênesis 17:4-7), mas, Yahveh revelou claramente através de qual dessas linhagens viria a prometida semente, o descendente – o Meshicha prometido, que traria bênçãos a toda a humanidade: “A minha aliança, porém, estabelecerei com Isaque, o qual Sara dará à luz neste tempo determinado, no ano seguinte”. [Gênesis 17:21]. Tanto o filho de Abraham, Isaque, como seu neto, Yakov, ambos foram mencionados como pertencentes à linhagem que produziria o redentor anunciado em Gênesis 3:15. Uma das nações que se originou de Abraham, foi a nação de Israel, que abrangia as doze tribos que descenderam dos filhos de Yakov, neto de Abraham. Era nessa nação, que, finalmente, surgiria o Meshicha prometido – (Gênesis 26:1-4; 28:10-15). Profecias posteriores revelaram que um descendente especial ou governante, viria por meio de uma das doze tribos de Israel, especificamente, da tribo de Yehudah.
Da tribo de Yehudah e da descendência de David
“Além disto, recusou o tabernáculo de Yoseph, e não elegeu a tribo de Efraim.  Antes elegeu a tribo de Yehudah; o monte Sion, que ele amava”.  [Salmos 78:67,68]
        Dentre os doze filhos de Yakov, os quais foram os príncipes das tribos de Israel, Yahveh elegeu a tribo de Yehudah, da qual procederia o “descendente prometido  – o Meshicha”. No livro de Números 24:17 encontramos a seguinte profecia: “Vê-lo-ei, mas não agora, contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Yakov e um cetro subirá de Israel...”. O patriarca Yakov, neto de Abraham, abençoando a seu filho Yehudah, profetizou: “O cetro não se arredará de Yehudah, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. [Gênesis 49:10]
        O comentarista bíblico Rashi, declara que a frase: “até que venha Siló”, significa: ”até que venha o rei Meshicha, a quem pertencerá o Reino”. Como Rashi, muitos comentaristas bíblicos tem entendido essa profecia como tendo significado messiânico, como de fato tem.
        O primeiro governante da linhagem de Yehudah foi o valoroso rei David, o qual recebeu a seguinte promessa de Yahveh: “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre” [2Samuel 7:16]. Yahveh prometeu adicionalmente: "E há de ser que, quando forem cumpridos os teus dias, para ires a teus pais, suscitarei a tua descendência depois de ti, um dos teus filhos, e estabelecerei o seu reino. Este me edificará casa; e eu confirmarei o seu trono para sempre”. [1Crônicas 17:11, 12]
          No livro dos Salmos, encontramos confirmada essa promessa: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo David, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”. [Salmos 89:3,4]. O filho e sucessor de David, o rei  Shelomo, de fato, construiu a Casa, ou o grande Templo em Yerushalém, mas, ele, obviamente, não reinou para sempre. Evidentemente, não era ele, Shelomo, o Meshicha prometido que viria para desfazer as obras de Satan e, consequentemente, resgatar o homem a seu Criador e, vencendo todas as coisas, reinar durante o milênio. Um dos da semente (descendência) de David, seria o mesmo Siló, ou Meshicha (O Leão da tribo de Yehudah) profetizado em Gênesis 49:9, 10: “Yehudah é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Yehudah, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos”. A Yochanan na ilha de Patmos foi revelado quem era o “Leão da tribo de Yehudah” já profetizado: “E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Yehudah, a raiz de David, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos”. [Apocalipse5:5] 
        Esse ”Rebento  ou  Descendente” aqui mencionado, e, sem dúvida, Yeshu Meshicha, aquele que triunfantemente venceu Satan e todo o império do mal, e com o seu sangue comprou (resgatou) para Yahveh, homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação – (Apocalipse 5: 6-10; 1Pedro 1:18-21). A propósito, esse “Rebento – o Meshicha”, já havia sido profetizado que viria do trono de Yishai, pai do rei David. Vejamos a profecia: “Porque brotará um rebento do tronco de Yishai, e das suas raízes um renovo frutificará”. [Isaías 11:1]. Perguntamos: A quem se referia o oráculo do profeta, quando disse: “e das suas raízes um renovo frutificará”. Referia-se a David um dos oito filhos de Yishai – 1Samuel 17:12)? Ou de David (uma das raízes do tronco de Yishai), brotaria um Renovo? O israelita convertido Shaul, também conhecido pelo cognome latino Paulo, em sua pregação aos israelitas numa sinagoga em Antioquia, responde a questão: “E depois pediram um rei, e Yahveh lhes deu por quarenta anos, a Shaul filho de Quis, homem da tribo de Benjamim. E, quando este foi retirado, levantou-lhes como rei a David, ao qual também deu testemunho, e disse: Achei a David, filho de Yishai, homem conforme o meu coração, que executará toda a minha vontade. Da descendência deste, conforme a promessa, levantou Yahveh a Yeshu para Salvador de Israel”. [Atos 13:21-23]
        E que promessa fez Yahveh a David? A resposta encontramos registrada no livro de Salmos 132 verso 11 que diz: “Yahveh jurou com verdade a David, e não se apartará dela: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono”. Essa promessa, cumpriu-se, finalmente na pessoa de nosso Senhor Yeshu Meshicha. E o apóstolo Kepha, confirma: “Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Yahveh lhe havia prometido com juramento que do fruto de seus lombos,  segundo a carne, levantaria o Meshicha, para o assentar sobre o seu trono, Nesta previsão, disse da ressurreição do Meshicha, que a sua alma não foi deixada na sepultura, nem a sua carne viu a corrupção. Yahveh ressuscitou a este Yeshu, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Yahveh, e tendo recebido do Pai a promessa do espírito de santidade, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque David não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse Yahveh ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita. Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Yeshu, a quem vós matastes no madeiro, Yahveh o fez Senhor e Meshicha”. [Atos 2:29-36]
        Paulo, escrevendo a Timóteo, confirmando, novamente, as palavras do apóstolo Kepha, acrescentou:”  Lembra-te de que Yeshu Meshicha, que é da descendência de David, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho”. [2Timóteo 2:8]
          Finalmente, somente alguém, realmente, considerado como um  Descendente (Rebento) legítimo, nascido da estirpe (família) de David, poderia verdadeira e comprovadamente, fazer a seguinte e irrefutável declaração: “Eu, Yeshu, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas congregações. Eu sou a raiz e a geração de David, a resplandecente estrela da manhã”. [Apocalipse 22:16]
Vejamos o texto bíblico acima em outras traduções:
Bíblia de Jerusalém: "Eu, Yeshu, enviei o meu Anjo para vos atestar estas coisas a respeito das igrejas.  Eu sou o Rebento da Estirpe de David, a brilhante estrela da manhã". 
Bíblia Edições Vozes: "Eu,Yeshu, enviei meu Anjo para vos dar testemunho destas coisas sobre as igrejas.  Eu sou a Raiz e a Linhagem de David, a estrela brilhante da manhã”.
Bíblia Edições Loyola: “Eu, Yeshu, enviei meu anjo para atestar estas coisas a respeito das igrejas.  Eu sou a raiz e a descendência de David, a estrela brilhante da manhã”.
        Perceba o leitor que as expressões:  Raiz,  Geração,  Rebento da Estirpe,  Linhagem e Descendência de David, significam, literalmente, do mesmo sangue, da mesma semente, cumprindo-se assim, fielmente, na pessoa de Yeshu Meshicha, a promessa feita por YHWH, conforme Gênesis 3:15 – de uma  semente  ou de um  descendente  que nasceria da linhagem (semente) santa, onde através de sua morte e ressurreição causaria a destruição e o aniquilamento do império do mal – de Satan.   
A importância das profecias
        A ideia da concepção virginal é um paradoxo às profecias messiânicas. E em toda aextensa literatura hebraica e no contexto das profecias bíblicas, não há uma só passagem ou profecia que possa justificar a ideia de que o Meshicha prometido – o descendente legítimo de Gênesis 3:15 – devia ser milagrosamente concebido, nem mesmo o texto de Isaías de Isaías 7:15 (conforme veremos na parte 6). É como disse C. Perrot, especialista da literatura judaica: “Diríamos antes que Meshicha era esperado por uma intervenção de Yahveh, mas sem que isso significasse necessariamente uma interrupção na descendência de David”.
        A Palavra de Yahveh, nos revela, satisfatoriamente, o meio pelo qual Yahveh, através dos séculos, manifestou à humanidade    Seu glorioso plano de salvação. No livro do profeta Amós, encontramos que esse meio de revelação escolhido por Yahveh, foi o ministério profético: “Certamente Yahveh Elohim não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas”. [Amós 3:7]. E a Palavra e a Vontade de Yahveh revelada por seus profetas, permanece firme e inalterada. Assim confirmou o apóstolo Kepha, a importância das profecias, e o contexto profético,quando enfatizou a base de sustentação da fé das congregações primitivas: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”. [2Pedro 1:19], o que nos remete a um outro texto que nos trás o mesmo entendimento: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”. [Provérbios 4:18]
          Paulo, em sua carta aos romanos, também corrobora com a declaração do profeta Amós, quando afirmou: “Paulo, servo de Yeshu Meshicha, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de David segundo a carne”. [Romanos 1:1-3]
        A manifestação do Meshicha, foi notificada pelas escrituras proféticas: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Yeshu Meshicha, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Elohim eterno, a todas as nações para obediência da fé”. [Romanos 16:25,26]
          A manifestação do Meshicha, foi notificada pelas escrituras proféticas: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Yeshu Meshicha, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Elohim eterno, a todas as nações para obediência da fé”. [Romanos 16:25,26]. Nisto podemos concluir satisfatoriamente, que o Meshicha prometido, segundo as escrituras dos profetas, não apareceu de forma repentina e misteriosamente no mundo. Vários eventos e inúmeras profecias indicavam, evidentemente, o seu nascimento. Mediante as profecias, seu nascimento era ansiosamente aguardado [Lucas 2:25-30]
          Dentro do contexto profético, como temos verificado até aqui, Yeshu Meshicha, era um descendente legítimo (da semente) de David. Yahveh, segundo a Sua vontade revelada, profeticamente escolheu e elegeu a tribo de Yehudah (Salmo 78:67,68) da qual descenderia o Meshicha (Gênesis 49:10; Hebreus 7:14). Da tribo de Yehudah descendeu o rei David e de sua linhagem real, mediante as promessas e juramento feitos por Yahveh, descendeu o grande Meshicha Yeshu. (Salmo 2:6; 89:3,4; 132:11; Isaías 11:1; Atos 2:29,30; 13:21-23; 2Timóteo 2:8; Apocalipse 22:16).
        Nessa breve recapitulação (Promessa e Cumprimento), considerando os escritos proféticos e o testemunho apostólico, podemos afirmar decisivamente que o Meshicha Yeshu de Nazareth – não era, no primeiro século, no início da restauração do tabernáculo de David, as congregações primitivas, uma encarnação divina, ou seja, o verbo encarnado. O Meshicha era esperado, ansiosamente pelos israelitas do primeiro e dos séculos anteriores segundo as escrituras proféticas (Deuteronômio 18:18,19; João 1:45; 4:22; Romanos 9:1-5).
          A propósito, diga-se de passagem, que a doutrina da encarnação do verbo (Yochanan 1:14) e, consequentemente, da concepção virginal constantes das narrativas da infância em Matthai 1:23 e Lucas 1:31 é, comprovadamente, um desvio teológico do contexto histórico/profético sobre o Meshicha, o qual segundo as profecias contidas na Palavra de Yahveh seria um descendente legítimo de David, em sentido biológico, e não adotivo. Em detrimento à verdade e contrariando as profecias da Palavra de Yahveh o catolicismo romano, toda a cristandade e também alguns adeptos do messianismo judaico, afirmam, inconvenientemente, que a filiação do Meshicha à linhagem davídica é adotiva e não legitima, tendo em vista a suposta ideia da encarnação do verbo e da concepção miraculosa. É inútil querer torcer a verdade (as escrituras proféticas)e tentar colocar a descendência de Yeshu numa base de filiação adotiva, cuja paternidade foi assumida por José (Yoseph) seu pai legal, não biológico. Essa aberração teológica, da filiação adotiva, é fruto da grande apostasia produzida por aqueles que se afastaram do verdadeiro caminho delineado por Yeshu Meshicha, criando o que hoje conhecemos como cristianismo, afastando-se completamente da fé uma vez dada aos santos e da sã doutrina baseada nos profetas e apóstolos, pregada e crida nas congregações do primeiro século. Bem disse um eminente historiador: “O cristianismo não se identifica com o judaísmo, verifica-se uma enorme distância entre as congregações dos doze e a de Constantino”.
        Ademais, quando o cristianismo se colocou em contato com o mundo, culturalmente grego, moldado essencialmente numa filosofia platônica, o que houve de fato, não foi apenas uma simples fusão entre o cristianismo, recém-criado, e o helenismo, mas, houve, comprovadamente, a helenização do cristianismo, cujos conceitos helenísticos influenciou decisivamente a elaboração doutrinal das antigas congregações, desde os apologistas do século II, culminando com as decisões ecumênicas verificadas nos séculos posteriores, onde nessas decisões, observa-se o amplo emprego de vocabulário e de conceitos extraídos da filosofia grega (conforme veremos mais para frente neste estudo).
Todo conteúdo messiânico inserido dentro do contexto profético, não pode ser negligenciado, se desejarmos realmente conhecer e identificar o verdadeiro Meshicha.
        Jacob Immanuel Schochet, professor de Filosofia da Faculdade de Humber, em Toronto, Canadá, reforça dizendo: “Há um só critério e teste para o verdadeiro Meshicha: sucesso total no cumprimento de todas as profecias messiânicas dentro do contexto da Torah”. A pessoa que presume conhecer o salvador Yeshu Meshicha sem consultar ou descuidando-se totalmente do conceito profético, é vítima de grandes erros teológicos, notadamente o da encarnação do verbo, já mencionado como sendo fruto do desvio (apostasia) do contexto das profecias da Palavra de Yahveh. É importante ressaltarmos, ainda, que na plenitude dos tempos, quando da manifestação do Meshicha prometido – Yeshu – Yahveh o Eterno Criador jamais iria contradizer aquilo que Ele próprio havia anteriormente determinado e revelado profeticamente:que o Redentor da humanidade seria tomado dentre a própria descendência humana (Gênesis 3:15), especificamente, da nação de Israel (Romanos 9:1-5) e da tribo de Yehudah (Hebreus 7:14, etc.).
          Yahveh, decisivamente declarou: “Fiz uma aliança com o meu escolhido, e jurei ao meu servo David, dizendo: A tua semente estabelecerei para sempre, e edificarei o teu trono de geração em geração”. [Salmos 89:3,4] e ainda: “Yahveh jurou com verdade a David, e não se apartará dela: Do fruto do teu ventre porei sobre o teu trono”. [Salmos 132:11]
        No livro do profeta Yirmiah encontramos a certeza do cumprimento de Suas promessas: “E disse-me Yahveh: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la”. [Yirmiah 1:12]
          Assim podemos concluir: se houve um desvio do contexto profético no tocante ao nascimento do Meshicha, esse desvio (apostasia), deve-se àqueles que, decididamente, procuraram emancipar-se totalmente do conceito israelita/profético sobre a pessoa e obra do Meshicha. Porém, a vontade expressa de Yahveh, permanece firme (Isaías 46:11) e imutável (Hebreus 6:17,18), pois Yahveh é a verdade, e não há nele injustiça, justo e reto é – (Deuteronômio 32:4).
          O próprio Senhor Yeshu confirmou os escritos proféticos, quando disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir”. [Matthai 5:17]. De fato, todas as profecias que se referiam à sua pessoa e à sua missão, que indicavam seu nascimento e descendência, e que estavam inseridas dentro do contexto da “Lei e os Profetas”, cumpriram-se fielmente em Yeshu Meshicha. A propósito, ele mesmo testificou dizendo: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras”. [Lucas 24:44,45]. E é através das escrituras proféticas que devemos crer no Meshicha. “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. [Yochanan 7:38]. “Não diz a Escritura que o Meshicha vem da  descendência de David, e de Belém, da aldeia de onde era David?” [João 7:42]
          De fato, na Torah (Pentateuco), nos Profetas e Salmos, encontramos inúmeras e incontestáveis provas de que o Mashiach é um descendente legítimo de David, e não uma encarnação divina. Devemos lembrar ao amado leitor, que: “Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Yahveh foi dirigida e a Escritura não pode ser anulada”. [Yochanan 10:35]
          Finalmente, não podendo ser anulados os escritos proféticos da primeira aliança (VT para alguns) – na Lei de Moshe, nos Profetas e nos Salmos, ressaltamos a base de sustentação da fé das primitivas congregações no primeiro século da E.C: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”. [2Pedro 1:19]
          Lembre-se: Hoje, as verdadeiras congregações locais, as que possuem a linhagem da fé apostólica, estão “edificadas sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas...” [Efésios 2:20], e não sobre decisões ecumênicas de Roma, dos primeiros séculos, que, de forma, inescrupulosa, tem norteado a fé de milhões de membros das religiões da cristandade, incluindo-se aqui o messianismo.
Síntese sobre Isaías 7:14
Texto original em hebraico

Texto transliterado:  LACHEN ITEN ‘ADONAY HU’ LACHEN ‘OT HINEH HÁ’ALMAH HARÁH VEILEDET BEN VEKARA ‘T SHMO ‘IMANU’EL
Texto traduzido:  “POR ISSO, YHWH MESMO NOS DARÁ UM SINAL: EIS QUE A JOVEM MULHER ESTÁ GRÁVIDA E VAI DAR À LUZ UM FILHO, E O CHAMARÁ IMANUEL”
        O texto é célebre. Essa formulação é bem conhecida: trata-se do anuncio do nascimento do primeiro filho de uma jovem mulher. Para compreender o sentido e o alcance do texto em pauta, é preciso saber quem é o menino cujo nascimento se anuncia e o sentido do termo hebraico: “Jovem mulher”.
        Essa mulher deve ser uma pessoa concreta, pois o termo hebraico: ‘ALMÁH  vem precedido de artigo:  HÁ‘ALMÁH.  O termo hebraico:  ‘ALMÁH  (Jovem mulher) inserido no texto não é o que significa “VIRGEM”. Em certo número de casos e, sobretudo nos textos mais antigos (inclusive em textos fora da primeira aliança), designa uma mulher jovem já casada.
          Nisto concorda o historiador Vamberto Morais (doutor em História Antiga pela Universidade de Londres), quando diz: “A palavra hebraica que traduz como jovem é “‘ALMÁH”, que ocorre em vários trechos da bíblia com o sentido de “mulher jovem, núbil”, “casada ou recém casada”. Se o profeta tivesse querido falar do tremendo prodígio da concepção de uma virgem, teria usado o termo  apropriado –  BETHULÁH”.
          À luz do contexto do versículo, pode-se, satisfatoriamente, determinar, essa que é chamada  Há’Almáh  é a jovem rainha, assim designada antes do nascimento do primeiro filho. Nesse caso, o filho cujo nascimento é anunciado não pode ser se não o de Achaz, o futuro rei Ezequias; foi ele, com efeito que sucedeu a seu pai no trono de Yerushalém, em Yehudah.
A propósito a própria Bíblia – Edições Loyola, sobre o texto de Isaías 7:14 trás a seguinte nota explicativa:
Isaías 7:14 –  De modo imediato todo este oráculo se refere aos acontecimentos de 735 a.EC. e ao seu horizonte próximo:a jovem mulher é a rainha esposa de Achaz; a criança a nascer com sinal de proteção divina é o filho do futuro sucessor de Achaz, o piedoso rei Ezequias; a idade de discernimento da criança coincide, efetivamente, com a destruição do Reino de Damasco e a devastação do de Samaria em 732 a.E.C.
        À luz do contexto histórico, Isaías 7:14, comprovadamente, tratava-se de um sinal eminente, referia-se aos acontecimentos pertinentes ao reinado de Achaz, rei de Judá (735-716).
          Isaías 7:14, bem como, o nome teóforo ”Imanuel” (Emanuel), representava    um sinal e uma promessa de livramento. É o sinal da presença graciosa e salvadora de YHWH entre seu povo. Emanuel, não era propriamente o nome que se devia dar à criança, mas sim o que essa criança representaria: o selo de uma promessa:CONOSCO ESTÁ ELOHIM, significando que YHWH vai proteger seu povo, e consolidará a promessa dinástica (2Samuel 7), em meio a guerra siro-efraimita.
        A profecia de Isaías 7:14 referia-se (conforme vimos na nota explicativa acima), a um futuro razoavelmente próximo, e não do nascimento do Meshicha ,que teve lugar uns 700 anos mais tarde. Entretanto, esse texto nos é apresentado no Evangelho de Matthai 1:23 da seguinte forma: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de Emanuel, Que traduzido é: Elohim conosco”, como referência e anúncio do nascimento virginal do Meshicha prometido. E como se chegou até lá?
        O exegeta J. M. Asumendi (professor do Instituto Católico de Paris), responde: “Alguns séculos mais tarde, a tradução grega chamada dos  Setenta  (Septuaginta), traduz o termo por “PARTHENOS” que quer dizer virgem. Quando foi escrito Isaías 7:14 não tinha o sentido messiânico, foi só com a tradução grega que ele ganhou essa dimensão”.
        C. Perrot, especialista da Literatura Israelita acrescenta: ”A jovem – em hebraico, Almáh  designa a esposa do rei. A linhagem de David não se interromperá, e Ezequiah, filho de Achaz, consolidará a promessa davídica. È difícil saber em que época foi dada a este versículo uma interpretação messiânica; mais difícil ainda é saber por que a tradução grega dos Setenta – desde o século II a.E.C. – traduziu o termo  ‘Almáh  por  Parthenos,  a “virgem”. Esperaria a tradição judaica de Alexandria o nascimento virginal do Messias (como pensa a TEB, em nota sobre Isaías 7:14)? Seria talvez pretender demais. Diríamos antes que o Messias era esperado de uma intervenção de  Deus, mas sem que isso significasse necessariamente uma interrupção na descendência de David”.
          Finalmente, a Bíblia na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil, conclui dizendo: “O uso da palavra “virgem” em Mateus 1:23 vem da tradução grega (Septuaginta) da primeira aliança, feita uns quinhentos anos depois do profeta Isaías”.
          Assim sendo concluímos que: a versão grega (Septuaginta) da primeira aliança, em hebraico, que chegou até nós, preservou a tradução imprópria de “Pathernos – virgem”, e foi assim que acabou surgindo no evangelho de Matthai tal citação a Isaías 7:14 do texto grego,onde essa fórmula, comprovadamente, trata-se de uma elaboração posterior, cujo sentido foge à interpretação original do oráculo do profeta Isaías. E a Bíblia Edições Vozes, corrobora com essa afirmação quando também em nota explicativa sobre Isaías 7:14, declara: “Jovem mulher (em hebraico ‘Almáh). Trata-se provavelmente da esposa de Acaz.A tradução grega dos LXX interpretou ‘Almáh no sentido de “virgem”,  deslocando o sentido original do nascimento do filho para o da concepção virginal.  É nesse sentido que surgiu em Matthai 1:22, 23 a aplicação do texto de Isaías 7:14 à concepção virginal de Maria”.
        Diga-se de passagem, que esse deslocamento da profecia, e sua adição ao evangelho de Matthai, que originalmente foi escrito em hebraico, esse desvio da verdade – chamado: Apostasia – propositadamente, utilizado catolicismo romano, resultou como instrumento para a formulação de vários outros dogmas cristológicos. Citamos aqui, especialmente, o da:  Preexistência/Divindade/Encarnação do Verbo, onde através concepção virginal de Mariam (Maria), pelo espírito de santidade de Yahveh, assim sendo elevado, o JESUS da cristandade, a segunda pessoa da santíssima trindade. Não somente os dogmas acima citados, bem como, o da glorificação de Mariam (Maria) como “THEOTOKOS  (Mãe de Deus)” estão intimamente ligados à elaboração do dogma trinitário, essência do cristianismo moldado e profundamente influenciado pelo helenismo, ou seja, pelo paganismo, para que pudessem retornar a adoração à Rainha dos Céus, desta feita utilizando a figura de Mariam (Maria). 
          Será que não havia para os tradutores gregos ou helenistas, um termo próprio para traduzir  Jovem Mulher – ‘Almáh, em hebraico, constante em Isaías 7:14? Havia. Alguns autores do cristianismo do século II, Ireneu e Justino, nos prestaram o serviço de preservar a versão mais correta: “Eles nos dizem, com indignação, que nas versões gregas da Bíblia usadas pelos judeus, a palavra usada é “NEANIS” (mulher jovem, sem acepção de virgem) e não “Parthenos”. Como não sabiam o hebraico, atribuíam isto à “má-fé” dos    israelitas”. Mas nós podemos verificar hoje que a versão correta é  Neanis. E este não foi o único caso em que autores da cristandade, ignorantes do hebraico, deturparam, ou mesmo interpolaram versículos da antiga aliança, para ler neles supostas alusões ao Mashiach. 
        Concluindo, a doutrina da concepção virginal, que acabaram constando das narrativas da infância em Mateus1:23 e Lucas 1:31-35 é, comprovadamente, conforme temos aqui verificado, segundo testemunhos incontestáveis, um desvio do contexto histórico/profético sobre o Meshicha prometido, que segundo as profecias da Palavra de Yahveh, o Meshicha descenderia da linhagem de David e da tribo de Yehudah. O próprio Meshicha endossa sua descendência davídica, quando triunfantemente faz a declaração que está em Apocalipse 22:16. Eu, Yeshu, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de David, a resplandecente estrela da manhã.     A crença da doutrina da  ENCARNAÇÃO DO VERBO  (do Logos preexistente) no ventre da virgem Maria, através da concepção virginal, é um paradoxo à revelação e autoafirmação do Meshicha, constante no texto acima mencionado. 
          “A ideia do nascimento virginal, nunca foi originada da profecia hebraica, mas foi introduzida na doutrina bíblica de fontes pagãs, pelos fins do primeiro século, e tornou-se acreditada devido ao influxo de “convertidos” dos povos pagãos (influência grega), que achavam nessa ideia uma correspondência com suas crenças mitológicas, anteriores. Há indicações de que esta ploriferação de mitos só começou a fazer-se em maior medida quando os gentios começaram a predominar na igreja nascente (diga-se catolicismo romano), trazendo consigo seus hábitos mentais, tradições e crenças, ligadas à mitologia grega ou asiática. Enfim, se o cristianismo superou os cultos gregos, romanos e asiáticos, também absorveu, conscientemente, algumas de suas crenças, adaptando-as à verdadeira doutrina bíblica, a doutrina dos profetas e dos apóstolos do Meshicha, de modo a se tornar irreconhecível aos convertidos do povo israelita, de onde tudo surgiu".
          Dentro do contexto das profecias da Palavra de Yahveh, não há se quer uma só passagem (original) que possa justificar a ideia de que o Meshicha prometido devia ser milagrosamente concebido. Portanto, apresentar o texto de Isaías 7:14 – fora de seu contexto histórico, e afirmar que o mesmo tratava-se de uma profecia messiânica, sobre o nascimento virginal do Meshicha, deve tornar-nos bastante prudentes.
Isaías 7:14 dentro de seu contexto histórico 
Liga defensiva anti-Assíria e a guerra Siro-Efraimita
“Todo texto fora do seu contexto, torna-se um pretexto”.
        Nesta sétima parte, procuraremos fazer, resumidamente, uma retrospectiva do contexto histórico em que está inserido o tão conhecido, porém, mal interpretado texto de Isaías 7:14. As circunstancias históricas da redação de Isaías 7:14, não podem ser esquecidas ou ignoradas se quisermos entender corretamente o significado do oráculo do profeta, embora, já o temos visto no tópico anterior. Contudo, analisemos cuidadosamente, seu contexto histórico. Vejamos:
        Em 745 a.E.C., subira ao trono assírio um antigo soldado de nome Pul, que passou a chamar-se: Teglat Phalasar III. Foi o primeiro de uma série de tiranos brutais que conquistaram o que se tornou então o maior Império do Antigo Oriente. Seu objetivo era a Síria, a Palestina e o último pilar do mundo antigo: o Egito. E assim foi que Israel e Yehudah se encontraram entre as mós implacáveis de um Estado militar, para quem a palavra “PAZ” só merecia desprezo e cujos déspotas e coortes só entendiam de três coisas: marchar, conquistar, oprimir. O rei assírio, Teglat Phalasar III, teve de mostrar que era o senhor e o fez rapidamente  !  Desde seu primeiro ano, parte em expedição.
        A partir de 743, e dos anos seguintes, desce para o oeste e para o norte da Síria. Desde o norte da Síria, Teglat Phalasar III, invadiu todas as terras ao longo do mediterrâneo, transformando povos independentes em províncias do Império da Assíria e em Estado tributários.
        Em 738, todos os reinos da região pagavam-lhe tributos. Entre esses estava o rei Menaem, de Israel. A princípio, Israel se submeteu voluntariamente: “Então veio Pul, rei da Assíria, contra a terra; e Menaém deu a Pul mil talentos de prata, para que este o ajudasse a firmar o reino na sua mão. E Menaém tirou este dinheiro de Israel, de todos os poderosos e ricos, para dá-lo ao rei da Assíria, de cada homem cinquenta siclos de prata; assim voltou o rei da Assíria, e não ficou ali na terra...”. [2Reis 15:19-20]. O rei Manaem, rei de Israel, julgou que o pacto com o tirano e o pagamento voluntário seria um mal menor. Mas isso começou a contrariar o povo. A contrariedade por causa do imposto assírio degenerou em conspiração e assassínio. O ajudante Faceia (o mesmo Peca, filho de Remalias) matou o filho e herdeiro de Manaem e tomou o poder – 2Reis 15:23-25 – Desde esse momento, o partido anti-assírio determinou a futura política do reino do norte.
          Em 735-734, é feita a liga anti-assíria (uma aliança defensiva) que tinha como objetivo: se opor ao avanço dos assírios,e se livrar do tributo que o novo rei assírio - Teglat Phalasar III    lhes havia imposto por volta de 738 a.E.C.
        Rezim, rei de Damasco (Síria), tomou energicamente a iniciativa. Sob sua direção estabeleceu-se a liga de defesa dos Estados arameus contra a Assíria. Os Estados fenícios e árabes, as cidades filistéias e os edomitas se incorporaram a ela. Israel (sob o reinado de Peca, filho de Remalias) aderiu também à liga.
        O rei Achaz, que começa a reinar em Judá, no fim de 735-716, se manteve obstinadamente à parte. Diante da recusa de Achaz, rei de Yehudah, os dois reinos: Rezim, rei arameu de Damasco, em 735 a.E.C., fez aliança com Peca, filho de Remalias, rei de Israel, contra Yehudah, na tentativa de força-lo a entrar na coalizão (liga) anti-assíria. Ai estava formada a guerra sírio-efraimita, ou seja, Damasco e Israel, reino do Norte, contra o reinado de Achaz, rei de Yehudah. Essa guerra constituía para Damasco (reino da Síria) e Samaria (reino de Israel, que ainda é designado pelo seu outro nome, Efraim, daí o nome da guerra ”sírio-efrainita”), um preâmbulo para o confronto com Teglat Phalasar III.
          Para Damasco e Samaria que combatiam ao norte, contra a Assíria, era importante evitar uma segunda frente de batalha, no sul, com Yehudah. Por isso, esses dois reinos, quiseram fazer o reino de Yehudah entrar a força na liga anti-assíria.
        Achaz, rei de Yehudah, entretanto, recusou participar desta campanha anti-assíria. Diante da decisão de Achaz, os dois reinos, Damasco e Samaria (Efraim), tomaram uma resolução de grande vulto: ocupar Yerushalém e mudar seu rei. Então, o rei Achaz e seu povo temeram essa guerra: “Sucedeu, pois, nos dias de Acjaz, filho de Yotan, filho de Uziah, rei de Yehudah, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Yerushalém, para pelejarem contra ela, mas nada puderam contra ela. E deram aviso à casa de David, dizendo: A Síria fez aliança com Efraim. Então se moveu o seu coração, e o coração do seu povo, como se movem as árvores do bosque com o vento”. [Isaias 7:1,2]. É exatamente nesse momento que se situa a intervenção de Yahveh, através do profeta Isaías, que culminou com o sinal do Emanuel constante no verso 14. Vejamos resumidamente todo o contexto bíblico:
Isaías 7:3  – “Então disse Yahveh a Yeshaiah: Agora, tu e teu filho Sear-Jasube, saí ao encontro de Achaz, ao fim do canal do tanque”.
Nota =  A presença do filho de Yeshaiah durante o diálogo do profeta como rei, não é desprovida de sentido, sobretudo, se se leva em conta que o nome do menino:  Sear-Jasube  ou  “Um Resto Voltará”. Esse nome é portador de esperança; deve servir para o rei de garantia e de sinal da fidelidade de YHWH.
Isaías 7:4  – “E dize-lhe: Acautela-te, e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por causa do ardor da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias”.
Nota =  O texto é claro e explicativo.Os dois pedaços de tições fumegantes, referiam-se: a Razim, rei da Síria e a Peca, filho de Remalias, rei de Israel, que intentavam invadir Yerushalém e acabar como reinado de Achaz, rei de Yehudah, que se recusou entrar na coalizão anti-assíria e por ser uma ameaça futura aos reinos do norte.
Isaías 7:5,6  – “Porquanto a Síria teve contra ti maligno conselho, com Efraim, e com o filho de Remalias, dizendo: Vamos subir contra Yehudah, e molestemo-lo e repartamo-lo entre nós, e façamos reinar no meio dele o filho de Tabeal”.
Nota =  A descrição “filho de Tabeal” é incerta. Parece tratar-se de um filho do rei de Tiro, membro da coalizão, que se chamava Tubail e que reinava ainda em 737 a.E.C. Seja como for, esse intento, comprometeria seriamente a dinastia davídica,e a promessa feita por Yahveh ao fundador dessa dinastia (2Samuel 7: 8-16). Tal intento era maligno e contrário a promessa de Yahveh a David.
Isaías 7:7  – “Assim diz Yahveh Eterno: Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá”.
Nota =  A esta altura do acontecimento, Yahveh promete e garante livrar Seu povo.
Isaías 7:8,9  – “Porém a cabeça da Síria será Damasco, e a cabeça de Damasco Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído, e deixará de ser povo. Entretanto a cabeça de Efraim será Samaria, e a cabeça de Samaria o filho de Remalias; se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer”.
Nota =  A promessa de Yahveh não é incondicional. O verso 9, apresenta a condição do êxito: “se o não crerdes, certamente não ficareis firmes”, ou seja, é preciso crer, é preciso manter-se firme para poder ser fortalecido e sair vitorioso.
Isaías 7:10  – “E continuou Yahveh a falar com Achaz, dizendo:”.
Nota =  Começa aqui um novo diálogo. Entretanto, não houve interrupção entre as duas partes do diálogo.
Isaías 7:11  – “Pede para ti a Yahveh teu Elohim um sinal; pede-o, ou em baixo nas profundezas, ou em cima nas alturas”.
Nota =  Aqui Yahveh propõe a Achaz um sinal, precisando bem que Ele pode referir-se a domínios onde só Yahveh é Elohim. A expressão “embaixo nas profundezas ou em cima nas alturas” mostra a extensão do campo oferecido por Yahveh a Achaz.
Isaías 7:12  – “Achaz, porém, disse: Não pedirei, nem tentarei a Yahveh”.
Nota =  O rei Achaz, se recusa a pedir um sinal. A razão pela qual o rei se recusa a pedir um sinal parece legítima à primeira vista: o homem não deve tentar a Yahveh. Mas aqui há uma diferença essencial: É o próprio Yahveh que oferece o sinal. A atitude do rei e a sua resposta constituem, de fato, uma desculpa má. Se o rei nãoquer pedir um sinal, é simplesmente porque sua fé não é o suficiente, o sinal reconforta,garante, dá segurança, mas quando nãose crê em nada mesmo, o sinal não tem razão de ser. O pedido de um sinal supõe alguma fé; a atitude de Achaz a nega.
Isaías 7:13  – “Então ele disse: Ouvi agora, ó casa de David: Pouco vos é afadigardes os homens, senão que também afadigareis ao meu Elohim?”. 
Nota =  A reação do profeta é dura. Essa reação representa o ponto culminante do conflito entre Yeshaiah e o rei Achaz. O profeta fala ao “meu Elohim” e não mais do “teu Elohim” como no verso11 e, a seu ver, o rei está abusando da paciência de Yahveh e dos homens. E a sua palavra não visa apenas ao rei mas à dinastia como tal, à “casa de David”. Entretanto, embora, a recusa e incredulidade do rei Achaz, nem tudo terminou: o próprio Yahveh vai dar um sinal. Eis o sinal:
Isaías 7:14  – “Por isso o próprio Yahveh vos dará um sinal: Eis que a jovem mulher está grávida e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”. 
Nota =  Conforme temos verificado no tópico anterior “Síntese sobre Isaías 7:14” – comprovadamente, a “Jovem Mulher” é a rainha esposa de Achaz, e o filho cujo nascimento é anunciado, é o futuro sucessor de Achaz, o piedoso rei Ezequiah. A forma “Emanuel” caracteriza-se como selo de uma promessa de livramento. É o sinal da presença graciosa e salvadora de Yahveh entre Seu povo e a confirmação da promessa feita a David: “Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre”. [2Samuel 7:16]
        Achaz, rei de Yehudah, incrédulo não aceitou o livramento da parte de Yahveh; não se manteve firme à eficácia dessa promessa, e recusou a intervenção divina. Essa recusa custou caro para o rei Achaz, e para o povo de Yehudah. Os fracassos sofridos por Achaz encontram-se registrados no livro de 2Crônicas 28:5-19. Diante do grande aperto que se encontrava, Achaz apela para o rei da Assíria – Teglat Phalasar III – para que o salve. O livro dos Reis nos cita a mensagem do rei de Yehudah ao rei assírio: “E Achaz enviou mensageiros a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, dizendo: Eu sou teu servo e teu filho; sobe, e livra-me das mãos do rei da Síria, e das mãos do rei de Israel, que se levantam contra mim. E tomou Achaz a prata e o ouro que se achou na casa de Yahveh, e nos tesouros da casa do rei, e mandou um presente ao rei da Assíria”. [2Reis 16:7-8]
        Ouvindo o apelo do rei de Yehudah, os assírios tomaram Samaria em 734 a.E.C. e Damasco em 732 a.E.C. Achaz, salvou-se tornando-se um vassalo (servo) da Assíria. Desde que o rei Achaz se submetera voluntariamente a Teglat Phalasar III, Yehudah era Estado vassalo dependente e os pagamentos de seus tributos eram registrados metodicamente em Nínive.
        Quando Ezequiah, filho e sucessor de Achaz, começou a reinar, não quis seguir a política do pai. Com Ele subiu ao trono a reação: “Assim foi Yahveh com ele; para onde quer que saía se conduzia com prudência; e se rebelou contra o rei da Assíria, e não o serviu”.  [2Reis 18:7]
        Ezequiah, ao contrário de seu pai, rei Achaz, fez o que era reto aos olhos de Yahveh. Promoveu uma reforma religiosa. Tirou todas as abominações que seu pai havia introduzido em Yehudah, destruindo os lugares de adoração a Baal e a escultura de metal Neustã. Fez a purificação do Templo e restabeleceu o culto a Yahveh. No Elohim de Israel confiou, guardou os mandamentos que Yahveh tinha dado a Moshe (2Reis 18:3-6) e, “Assim foi Yahveh com ele...”, ou seja, com a “casa de David”.
        Nisto se cumpria finalmente o sinal do Emanuel: “CONOSCO ESTÁ O ELOHIM DE ISRAEL”.
Decisões ecumênicas [1]
Os quatro primeiros concílios ecumênicos do cristianismo
          Inicialmente, esclareceremos que por tratar-se de uma narrativa histórica de concílios ecumênicos romanos, usaremos aqui os nomes que ali foram usados. O termo “igreja” a que se refere esta matéria, corresponde ao Catolicismo Romano – apostata – ou seja a religião criada por Roma intitulada cristianismo; e não às congregações primitivas dos apóstolos.
      Os quatro primeiros séculos do cristianismo foram travadas lutas incansáveis com o fito de definir os dogmas trinitário e cristológico. De fato, deve-se aos quatro primeiros concílios ecumênicos (Neceia, em 325 E.C. – Constantinopla, em 381 E.C. – Éfeso, em 431 E.C. e Calcedônia, em 451 E.C.), a formulação de vários dogmas cristológicos e ortodoxos, que, decisivamente, norteou o mundo religioso da cristandade.
          Procuraremos, resumidamente, ressaltar as definições desse concílios, onde doutrinas que melhor se adaptavam aos interesses terrenos da “igreja”, foram, progressiva e inescrupulosamente elaboradas por  essas “célebres assembleias” conhecidas como concílios ecumênicos.
          Foi sob a soberana influência dos pontífices romanos que se elevou, através dos séculos, essa mistura de dogmas estranhos às primeiras comunidades fundadas pelos apóstolos, e que nada tem de comum com o Evangelho e lhe são muitíssimo posteriores. Essa pesada construção de dogmas sem conta, que obstrui o caminho à VERDADE, surgiu na terra no ano 325 da era comum.
          O ano 325, figura na história da “igreja” como o mais decisivo na expressão da cristologia. A divindade do Jesus da cristandade, rejeitada por três sínodos, o mais importante dos quais foi o de Antioquia (268), foi em 325, proclamada pelo Concílio de Niceia. Convocado por Constantino, em 325 E.C., o Concílio de Niceia, segundo a tradição, contou com a presença de 318 bispos procedentes de todas as províncias do Império. O próprio imperador Constantino assumiu a direção dos trabalhos, tomando uma posição de liderança teológica no Concílio, quando arbitrou a controvérsia ariana.   
        Ário, sacerdote de Alexandria, entrou em conflito com a “igreja”, desligando-se dela para sempre no Concílio de Niceia. Ário, afirmava que vistas a Eternidade e unicidade de Yahveh, não cabia falar de seres criados consubstanciais a YHWH (da mesma substância de Yahveh), mas apenas de seres criados ao lado e sob a dependência de Yahveh. Ário opta, pois por uma cristologia subordinada, em nome do Monoteísmo, que não consente outro deus ao lado do Único Elohim Verdadeiro. Neste contexto, Ário, negava que o Jesus cristão era co-igual, co-eterno e da mesma substância com o Pai, declarando ser ele apenas uma criatura (ou seja assim como a Palavra de Yahveh nos demonstra – um homem).

        Escrevendo a Euzébio de Nicomédia, Ário se lamenta: “Somos perseguidos porque afirmamos  que o filho tem uma origem, enquanto que YHWH não tem começo. O Pai não foi Pai desde o princípio, houve época em que o filho era inexistente, ainda não criado (ou seja, não havia nascido ainda). YHWH só se tornou Pai com o nascimento/morte e ressurreição (criação) de seu filho. Este filho, porém, nãose origina da substância do Pai, mas somente da sua vontade (o logos, o plano). O Pai é incriado, mas o filho pois foi gerado, alias gerado não da mesma substância do Pai, mas por estar no plano (logos) de Yahveh. Portanto, ele (o filho) não é verdadeiro Deus,mas uma criatura decerto maravilhosamente obediente e excepcionalmente relacionada com Yahveh".
        Depois de muita controvérsia sobre a questão, os bispos nicenos, notadamente, Atanásio (principal defensor e promotor da ortodoxia nicena), condenando as afirmações de Ário, criaram a formulação do dogma trinitário, nos seguintes termos: “Cremos em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador das coisas visíveis e invisíveis, e em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, único gerado do Pai, ou seja, consubstancial ao Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus Verdadeiro de Deus Verdadeiro, gerado e não criado, da mesma substância do Pai, que tudo criou no céu e na terra, que por nós e pela  nossa salvação desceu do céu, encarnou-se e fez-se homem, sofreu e ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu e virá julgar os vivos e os mortos. E creio no Espírito Santo”. (Observem que o espírito santo ainda não era uma pessoa em 325 E.C.). “Aqueles que afirmam: houve um tempo em que ele não existia e ele não existia antes de ser sido gerado, foi criado do nada, ou que sustentam ser ele de outra hipóstase ou de uma substância diferente (do Pai), ou que o Filho de Deus foi criado, que não é imutável, mas sujeito a transformação, recebem o anátema da  IGREJA CATÓLICA”. (a mãe da cristandade).
        Nesse dogma, o Concílio de Niceia, definia conjuntamente,segundo a sua própria conveniência, sob anuência do imperador Constantino, a base fundamental do dogma trinitário:a consubstancialidade (divindade), preexistência e a encarnação do verbo – o Logos, que conforme está explícito no dogma: “desceu do céu, encarnou-se e fez-se homem”. Finalmente, o termo “consubstancial” (homo-ousios), que em 268 E.C., tinha um sabor herético, pois tratava-se de emanação gnóstica, tornou-se o “centrum nicaenum” o coração da confissão cristológica. A “igreja”, precisava confessar “Jesus Cristo” como “Verdadeiro Deus”.
          Em suma, as doutrinas da divindade, preexistência e encarnação do verbo, estão intimamente ligadas ao dogma da trindade. Não existe trindade se não existir esses três elementos acima mencionados. E essa definição ecumênica, do Concílio de Niceia, foi incorporada a fé “Cristã” (das “igrejas” da cristandade) e é hoje, o sustentáculo da fé da cristandade, por outro lado, é também, comprovadamente, um paradoxo ao contexto profético e apostólico sobre a pessoa do Meshicha prometido por Yahveh em Gênesis 3:15 conforme temos verificado no transcorrer deste estudo.
        Convém ressaltar que, a fé na: divindade, preexistência e a encarnação do verbo (que são os três pilares principais que sustentam o dogma da trindade, de elaboração e confissão católica), não podem ser desligadas da fé da trindade. E todos os que estão ligados a todos ou a apenas um desses dogmas, estão ligados na trindade e, teologicamente, estão de mãos dadas com o catolicismo romano – A Grande Igreja Mãe, a Grande Babilônia religiosa de Apocalipse 18, onde as nações (religiões) beberam do vinho da ira de sua prostituição, e os reis da terra (organizações religiosas) se prostituíram com ela; e os mercadores da terra (líderes religiosos) se enriqueceram com a abundância de suas delícias (falsas doutrinas). O sentido de Apocalipse 18 é religioso/político/espiritual.
Decisões ecumênicas [2]
Os quatro primeiros concílios ecumênicos do cristianismo 
A propósito, diga-se de passagem, que conforme o segundo Concílio Ecumênico “a Grande Igreja” (a grande Meretriz Babilônia – A Grande – A Mãe das Meretrizes e das abominações da terra – de Apocalipse 17), considera os que aceitam, cegamente, os seus dogmas (doutrinas), como: “irmãos separados”. Vejamos: “Este sagrado concílio deseja insistentemente que as iniciativas dos filhos da igreja católica juntamente com as dos “irmãos separados” se desenvolvam, e que não se prejudiquem os futuros impulsos do espírito santo. Além disso, declara estar consciente de que o santo propósito de reconciliar todos os “cristãos” na unidade de uma só e única “igreja” excede as forças e a capacidade humana. Abraçamos (...) em espírito os irmãos que ainda não vivem em plena comunhão conosco, e as sua comunidades,  com as quais estamos unidos na confissão do Pai, Filho e Espírito Santo”.
          É o esforço da Mãe (Igreja Católica Romana), desejando unir as filhas e netas (religiões da cristandade) em uma só comunidade (ecumenismo). Alias, é importante ressaltarmos que, teologicamente, a cristandade já está unida, conforme confissão da Grande Igreja Mãe, através da crença na trindade, triunidade e unicismo (dualidade) – Pai, Filho e Espírito Santo.
Retornando a história dos Concílios, passamos agora para o Concílio de Constantinopla

        Em 381 E.C., não muito depois da definição de Niceia, entra em cena Apolinário de Laodicéia. Embora fosse um admirador incondicional de Atanásio e partidário de Niceia, contudo, entrou, também, em conflito com a “Grande Igreja”.
          Apolinário citando preferencialmente Yochanan 1:14 “o verbo se fez carne...”, entendia que “se o  Logos (grego) tivesse assumido a forma de homem completo, também teria assumido a mutabilidade e a pecaminosidade integrantes da natureza humana. Uma união só é possível com a condição do Logos fazer o papel de espírito humano, princípio da autoconsciência e da autodeterminação. Na tentativa de entender a união hipostática (das duas naturezas), Apolinário idealizou dois tipos de processos:
      1)  Dicotomia Antropológica (Alma e Corpo): o Verbo (Logos) assumindo apenas o corpo; 
        2)  Tricotomia Antropológica (Alma, Corpo e Espírito): o Verbo (Logos) assumindo apenas a alma e o corpo.
          Resumindo:  Para Apolinário, no Verbo não cabia uma natureza humana integral e genuína, assim sendo, em seu pensamento,a humanidade de “Cristo” não podia ser absolutamente consubstancial à nossa, ou seja, Apolinário proclamava (blasfemava) que “Cristo” não era homem genuíno.
      A igreja romana, que defendia ardentemente a doutrina da encarnação do Verbo, no Concílio de Constantinopla (381), proclamou a perfeição da humanidade de “Cristo” e condenou o Apolinarísmo. De fato a mesma “igreja” que pouco antes condenou os inimigos da divindade de “Cristo”, travou uma luta não menos árdua em favor de sua humanidade: a natureza divina não absorve a natureza humana, defendendo assim o “mistério” da união hipostática das duas naturezas – a divina e a humana, através da encarnação do verbo.
Theotokos
          Continuando as controvérsias cristológicas, outra questão que deve aqui ser tratada de relance (pois afinal a criação da divindade de “Cristo” – sua preexistência – a criação da trindade, nascimento virginal de “Cristo”, etc. foram para esse fim), é a questão da “Theotokos”, ou seja, do título dado a Miriam (Maria), pela igreja católica, como “Mãe de Deus”.
          O célebre bispo de Constantinopla, Nestório, relutou contra a proclamação de Maria como “Theotokos – Mãe de Deus”. Para ele Mariam (Maria) só podia ser chamada de “Christotokos – Mãe de Cristo”, ou seja,, Mãe da natureza humana e não “Theotokos”, Mãe da natureza divina.
          Nestório, embora fosse também partidário de Niceia, refutava e considerava herético que a divindade pudesse ter mãe. Para por fim a questão,a “igreja” no Concílio de Éfeso (431) anatematizou a quem negasse a Miriam (Maria) o nome de : “Mãe de Deus – Theotokos”.
O Concílio de Éfeso – 431 E.C.

        O Concílio em Éfeso foi convocado pelo imperador Teodósio II. A sede do Concílio não podia ser mais desfavorável a causa de Nestório. A província de Éfeso atribuía à questão um interesse particularíssimo. A “tradição” situava em Éfeso o lugar onde morreu a “Virgem Maria”. Convém acrescentar, que o qualificativo “Mãe de Deus” dado a Maria, está intimamente ligado ao desenvolvimento mariológico da teologia católica. O Concílio em Éfeso foi convocado pelo imperador Teodósio II. A sede do Concílio não podia ser mais desfavorável a causa de Nestório. A província de Éfeso atribuía à questão um interesse particularíssimo. A “tradição” situava em Éfeso o lugar onde morreu a “Virgem Maria”. Convém acrescentar, que o qualificativo “Mãe de Deus” dado a Maria, está intimamente ligado ao desenvolvimento mariológico da teologia católica. “Theotokos” (Mãe de Deus)e “Aeiparthenos” (Sempre Virgem), são termos que receberam entre os católicos um desenvolvimento considerável.Podemos acrescentar ainda, seguramente, que não somente entre os católicos, mas, também, , entre todos os que creem que “Jesus é Deus” (o verbo preexistente encarnado nascido de uma virgem), pois se ele é Deus então Maria para estes também é a “Mãe de Deus”, mesmo que de tabela, pois também creem que ele “foi concebido miraculosamente pelo espírito santo no ventre da Virgem Maria”, devem considerar e aceitar a definição cristológica de 431, do Concílio de Éfeso, de Maria como “Theotokos – Mãe de Deus”. É como disse um eminente historiador: “Considerando a consubstancialidade do Verbo e a Divindade de “Cristo”, em resultado dessa definição cristológica, Maria podia ser chamada, em certo sentido, “Mãe de Deus – Theotokos”.
Concílio de Calcedônia - 451 E.C.
          Concluindo a breve narrativa do terceiro Concílio Ecumênico, chegamos às fronteiras dogmáticas de Calcedônia e de seu “vere Deus et vere homo” – verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.
          Devido às lutas cristológicos do século IV, o “problema” da inter-relação das duas naturezas de “Cristo”, não cessava de renascer. Evidenciou-se isso particularmente no princípio do século V (500 anos após a morte do Meshicha), com a luta contra os ensinos de Nestório e de Eutipes.
          A “igreja” viu-se levada a condenar ambos no Concílio de Calcedônia, em 451 E.C.. O nestorianismo já tinha sido condenado já tinha sido condenado pelo Concílio de Éfeso em 431 E.C..  Resumidamente o ensino de Nestório convertia as duas naturezas em “Cristo” em duas pessoas distintas. Eutiques reveste-se de um caráter bem diferente. Eutiques achava que depois da união hipostática (união das duas naturezas – divina e humana) só cabia falar de uma única natureza em “Cristo" (Monofisimo).
        O Concílio de Calcedônia pronunciou-se não só contra a separação, como contra a fusão das duas naturezas. Assim, em 451 E.C., o Concílio de Calcedônia, resolveu que era preciso rejeitar tanto a separação como a fusão das naturezas em “Cristo”. Condenando as “heresias”, a igreja católica romana (A grande Meretriz de Apocalipse 17) definiu que “Jesus Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem  (vere Deus et vere homo)”.
          Convocado pelo imperador Marciano a pedido do papa, o Concílio de Calcedônia declarou a “fé ortodoxa” nos seguintes termos: ”Segundo os Santos Padres, nós confessamos unanimemente um só e o mesmo Filho Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na divindade e perfeito na humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem, composto de uma alma racional e de um corpo, consubstancial como Pai segundo a divindade, e consubstancial conosco segundo a humanidade, em tudo semelhante a nós, exceto no pecado; foi gerado antes dos séculos (preexistência) pelo Pai segundo a divindade e nesses últimos tempos para nós, para nossa salvação, por Maria, a Virgem, a Mãe de Deus; um e o mesmo “Cristo” senhor, unigênito, a quem reconhecemos ser em duas naturezas sem confusão, sem mudança, divisão ou separação; não sendo pela união suprimida a diferença das duas naturezas, mas antes sendo preservadas as propriedades década natureza e reunidas em uma só pessoa, em uma só hipóstase, mas um e o mesmo Filho Unigênito, Deus, Verbo, Senhor, Jesus Cristo, como desde o princípio os profetas ensinaram a respeito dele, e como ele mesmo o Senhor Jesus Cristo nos ensinou e nos foi transmitido nos Símbolos dos Padres”. (?!?!)
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        Concluímos aqui, resumidamente, a narrativa histórica dos quatro primeiros Concílios Ecumênicos, os quais foram decisivos e determinantes na elaboração doutrinal da “Grande Igreja Mãe”, e que marcou, profundamente, a fé da cristandade até os nossos dias. Ainda hoje, passado mais de dezessete séculos, desses concílios, milhões de pessoas religiosas, nas mais variadas formas eclesiásticas (denominações evangélicas, além da Grande Mãe), seguem cega e religiosamente, a herança (apostasia) legada (transmitida) pelos chamados célebres “Pais da Igreja”.
          Conforme já mencionado, no livro de Apocalipse (Revelação), encontramos registrado que a grande Babilônia, a grande meretriz está assentada sobre muitas águas (povos, nações e línguas). Essa grande prostituta embriagou as nações, dando-as de beber do cálice das suas prostituições. O sentido aqui é espiritual (religioso), confira em Apocalipse 17: 1-18.
          Os dogmas criados (formulados) pelo catolicismo romano (cristianismo), principalmente, nos quatro primeiros Concílios Ecumênicos como: a divindade (consubstancialidade do verbo), preexistência, encarnação do verbo (que é o grande mistério do cristianismo), a trindade e a dualidade, a união hipostática das duas naturezas (doutrina das duas naturezas – divina e humana), o nascimento virginal, o título a Maria: “Mãe de Deus – Theotokos”, e a confissão de “Jesus” como “verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem (vere Deus et vere Homo)”, e diversos outros dogmas romanos (que não foram aqui mencionados), constituem, sem dúvida alguma, um reflexo da apostasia que fatalmente haveria de surgir nos últimos tempos. Esta apostasia já havia sido anteriormente alertada: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição”. [2Tessalonicenses 2:3]
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        A fé primitiva e genuína, das primeiras comunidades apostólicas, foi aos poucos, sendo substituída por dogmas estranhos aos conceitos bíblicos da época dos apóstolos. A sã doutrina, das congregações primitivas, foi tornando-se “heresia” para a “Grande Igreja Romana”, e a heresia romana (os dogmas, alguns aqui listados), tornou-se “ortodoxia”, a base da fé da cristandade.
          Os primitivos seguidores do Mashiach transformaram-se em heréticos só porque se mantiveram à margem da evolução doutrinal da “Grande Igreja Mãe”, não aceitando, ou simplesmente ignorando, os acréscimos e desdobramentos recebidos pelos cristãos a partir do singelo ”kérygma primitivo” (primeira proclamação das Boas Novas – a pregação do próprio Meshicha e de seus apóstolos), sobretudo depois que assimilou os esquemas e conceitos do pensamento grego, notadamente sobre a doutrina da encarnação do verbo, o Logos. 
          A igreja romana, com o seu recém fundado cristianismo, conseguiu que seus pontos de vista e concepções triunfassem no conjunto de toda a cristandade antiga, ou seja, conseguiu impor a “ortodoxia”.
          Em suma, a vitória final da “ortodoxia” (apostasia) na antiguidade equivale simplesmente à vitória do cristianismo inventado por Roma. A partir do momento em que o cristianismo, depois de fundado, tornou-se a religião oficial do Império Romano, pouco a pouco ia se afastando da verdadeira fé, tornava-se cada vez mais susceptível ao influxo de convertidos dos povos pagãos.
          Basta dizer que muitos dos “Pais da Igreja” chamados “apologistas” e responsáveis pela herança doutrinária (apostasia) que transmitiram às posteridades, vieram do paganismo, de um mundo culturalmente grego, trazendo consigo suas tradições e crenças ligadas à filosofia grega, essencialmente a de inspiração platônica – doutrina do Logos – do verbo encarnado, é o que veremos nas próximas partes quando falaremos da helenização do cristianismo...   
A Helenização do Cristianismo
        HELENISMO  (gr.  Hellen = Grego): É um termo aplicado para designar o período de cultura grega a partir de Alexandre Magno (357-323 a.E.C.) até o início do Império Romano sob Augusto (31 a.E.C.).
        O helenismo designa a difusão da civilização e da cultura grega imposta nos reinosconquistados por Alexandre (o Grande), filho e sucessor de Filipe da Macedônia. Influenciando assim, decisivamente, todos os povos conquistados; penetrando mais profundamente nas cidades, onde trouxe o estudo da literatura e da filosofia grega.
        Diga-se de passagem, que foi em Alexandria, sob o reinado e a pedido de Ptolomeu II Filadelfo (385-246 a.E.C.), que elaborou-se a “famosa” Septuaginta (versão grega dos setenta da antiga aliança em hebraico) onde, lamentavelmente, houve a helenização do nome YESHU em hebraico) para o grego IESOUS, do qual a cristandade herdou a forma latina IESVS, donde Jesus, neolatino, em português.
        No começo da segunda metade do século II E.C., abriu-se em Alexandria, uma escola catequética para instruir os convertidos do paganismo ao cristianismo. Seu primeiro diretor foi Paterno, “competente” “convertido”, vindo, segundo alguns, do Estoicismo. Clemente e Orígenes foram os seus sucessores nesta “influente” escola de teologia cristã – um protótipo das faculdades teológicas hoje existentes.  Essa escola filosófica formou pensadores e “mestres” destinados a grandes celebridades, destacando-se Atanásio (principal defensor da ortodoxia nicena e autor da teologia da Encarnação do Verbo),os três Capadócios, Basílio Magno, Gregório de Missa e Gregório Nazianzeno, e Cirilo.
        Os membros desta escola, recorriam para a interpretação exegética, ao método da “alegorese” (sistema exegético que preconiza a existência de um sentido espiritual escondido sob a liberalidade do texto bíblico”.
        A estrutura da escola Alexandrina, ou seja, sua visão filosófica era platônica, e sua paixão a especulação teológica. Seus membros estavam ansiosos por desenvolver um sistema teológico a partir do uso da filosofia grega que, segundo eles, seria capaz de permitir uma exposição sistemática do cristianismo. Educados na literatura e na filosofia clássicas, os alexandrinos, assim chamados, pensaram que poderiam usá-las na formulação da teologia cristã. E foi o que de fato ocorreu. Ao invés de enfatizarem uma interpretação histórico/gramatical da Bíblia (a exemplo da escola de Antioquia), pelo contrário, criaram, sob a inspiração da filosofia grega, um sistema alegórico de interpretação,que ainda hoje assola o cristianismo.
        Em síntese: O helenismo, através da cultura e filosofia grega, influenciou decisivamente o cristianismo nascente. Muitos “mestres” filósofos vindos do paganismo e que haviam se convertido ao cristianismo, queriam combinar cristianismo com filosofia, ou vestir a filosofia pagã com uma roupagem cristã. E o resultado desse sincretismo religioso, ou seja, a combinação e influência da filosofia grega sobre o cristianismo trouxe, inevitavelmente, graves consequências religiosas. E é certo que as correntes culturais que se desenvolveram em Alexandria, tenham deixado marcas também na linguagem da nova aliança.
        Depois da elaboração da versão grega dos SETENTA (SEPTUAGINTA) aproximadamente no ano 250 a.E.C., e com os apologistas do século II E.C., (Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes e outros) presencia-se o primeiro passo desses esforços de elaboração doutrinal, notadamente a doutrina do Logos – a encarnação do verbo, surgidos da confluência entre o cristianismo e o mundo grego antigo.   
        Era imprescindível que tais autores (chamados de apologistas ou polemistas), ao tentarem tornar a fé compreensível a seus contemporâneos (convertidos do paganismo), colocando-se em vias de helenização, ultrapassassem os limites teológicos da exegese histórico/gramatical do contexto profético/hebraico da Palavra de YHWH, que até então, haviam servido para expressar a reflexão da fé primitiva. Assim, foram levados a utilizar conceitos e noções próprios ao meio em que viviam, ou seja, ao mundo helenístico, onde muitos pensamentos e ideias da filosofia grega foram extraídos e incorporados teologicamente na elaboração doutrinal da Grande Igreja Romana, progenitora de toda a cristandade.
        Além do mais, a própria facilidade de comunicação do mundo helenístico, favoreceu aos “apologistas" do século II E.C., a difusão rápida (embora apostatada) do Evangelho, numa área extremamente extensa, porém, helenizada culturalmente.
        Convém resaltar que o catolicismo romano (cristianismo) era politicamente romano, mas grego culturalmente. E é inegável, que ao se confrontar com a cultura grego/romana, o cristianismo, recém inventado, esforçou-se, conforme assinalamos acima, por assimilar alguns de seus valores, adaptando-os e reinterpretando-os. Onde o resultado da confluência do cristianismo com a cultura grega, permitiu de fato, não apenas uma junção entre o cristianismo e o helenismo, mas, sobretudo, a helenização do cristianismo, que passou a empregar o esquema conceitual e os métodos usuais no meio ambiente... É como ponderou Hamack, “tal helenização do cristianismo constituiu um dos fatores determinantes da elaboração doutrinal da “igreja antiga”,” - catolicismo romano.
        As tentativas de síntese entre o cristianismo e a cultura clássica aparecem desde os apologistas do século II, atingindo maior amplitude e forma mais sistemática com os alexandrinos, Clemente e Orígenes, seguidos, no final do século IV, pelos Padres da igreja, em particular, Santo Agostinho no Ocidente e, no Oriente, os capadócios.
        Nas controvérsias doutrinais dos séculos III e IV, assim como nas formulações da ortodoxia eclesiástica a que deram surgimento às decisões ecumênicas (conforme verificamos em partes anteriores), observa-se o amplo emprego de vocabulário e de conceitos da filosofia grega. Trata-se de um fato universalmente reconhecido, só não reconhecido por aqueles que não conseguem enxerga-lo.
        A própria teologia ensinada pelos apologistas ou polemistas, por exemplo, evidencia o amplo emprego de conceitos extraídos da filosofia grega. Antes de fazermos uma leitura da teologia ensinada pelos apologistas, conheçamos, resumidamente, a apologética judeu/alexandrina, que também helenizada, influenciou decisivamente o cristianismo em suas decisões dogmáticas.
Filo de Alexandria
        Filo de Alexandria, também conhecido como Filo, o judeu, foi, provavelmente, o maior judeu escritor da diáspora, do primeiro século E.C. Foi o representante mais notável do judaísmo helenístico de Alexandria. Pouco se sabe da vida de Filo. Ele nasceu aproximadamente em 20 a.E.C., numa rica e influente família judaica em Alexandria, no Egito, na época, ficava a maior comunidade de judeus fora da Palestina (cerca de um milhão de judeus podem ter vivido lá). Ele foi educado em todos os aspectos da cultura grega na cidade de Alexandria, onde morou até o fim de sua vida. Ele morreu aproximadamente em 50 E.C., talvez na época em que Paulo estava escrevendo a sua primeira carta aos Tessalonicenses, o primeiro livro escrito para a nova aliança.
Apologética Judeu/Alexandrina
        Como filósofo, Filo, tinha um profundo conhecimento da cultura grega, mas a maioria de suas obras (todas escritas em grego) tem a ver coma interpretação das escrituras hebraicas. Filo era muito respeitado na sua época, e seus escritos tiveram grande influencia sobre vários escritores cristãos dos primeiros séculos.
        Na sua teologia, a fim de explicar a Bíblia, Filo recorria ao método alegórico, que alguns pagãos aplicavam a Homero e à mitologia, cujo objetivo era desvendar, no texto sagrado, sob seu sentido literal, um sentido oculto, profundo e espiritual, em que residia a essência da revelação. À luz dessa interpretação, os episódios e personagens da história bíblica, assim como as prescrições da Lei convertiam-se na expressão simbólica de verdades metafísicas ou morais. Ao que parece, a alegoria foi característica de todo o judaísmo alexandrino, Filo transformou-a em princípio básico de sua exegese.
          Filo elaborou baseado nas Escrituras um sistema lógico e filosófico, que, embora manifeste bem claramente a influência de diversas escolas pagãs, possui uma estrutura essencialmente platônica. Nele se encontra a mesma oposição entre mundo sensível e mundo inteligível. Entre Deus e o Universo material, Filo concebia uma completa hierarquia de seres intermediários, assimilados ora às ideias platônicas, ora às coortes angélicas, criaturas ou emanações de Deus conforme a crença judaica, que receberam a designação de Potências ou Lógoi. No vértice dessa pirâmide de entes celestes, situa-se o Logos, entendido simultaneamente como um dos lógoi individuais – o mais próximo de Deus – e como uma espécie de ser coletivo, fonte e instrumento da criação, que, sem, contudo ser igual a Deus participa da natureza divina. As interpretações alegóricas de Filo foram fortemente influenciadas pela filosofia de Platão (platonismo).
        Por maior que se afigure a distância entre a corrente principal do pensamento judeu na Palestina e esse tipo de especulação, em que não há quase lugar para aspirações propriamente nacionalistas e messiânicas, não se encontrava isolado por completo no interior do judaísmo. Verificam-se paralelos em alguns escritos da literatura sapiencial, canônicos ou deuterocanônicos (Provérbios, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico), nos quais a Sabedoria divina personificada apresenta analogias bem precisas com as hipóstases de Filo. A posterior Cabala judaica revela também certas afinidades com as concepções Filonianas. Mas foi principalmente sobre a igreja em formação (cristianismo) que se exerceu a influência do Alexandrino: Filo abriu caminho à teologia cristã. Em grande parte, a popularidade de que Filo gozou entre os cristãos explica o silêncio total que os rabinos mantiveram em torno de seu nome.
Filo e a nova aliança
1.         O pensamento de Filo apresenta afinidades demasiado precisas com certos escritos da nova aliança para serem fortuitas (casual ou por acaso). Estão nesse caso o prólogo do quarto evangelho Yochanan [João] e sua doutrina do VERBO – o LOGOS grego. Diversos traços atributos do LOGO de Filo encontram-se presentes no LOGO joanino.
          Aqui, a originalidade essencial do cristianismo, manifesta-se nessa identificação do LOGOS na pessoa de “Jesus”. Não é menos evidente, sem dúvida, que a ideia de explicar “Jesus” em termos de LOGOS (VERBO) ocorreu apenas porque a palavra e o conceito se haviam popularizado no judaísmo alexandrino por intermédio de Filo.
        Filo, influenciado pela filosofia grega, usa a palavra LOGOS para descrever que um Ser – o mais próximo de Deus – preexistente, foi a fonte e instrumento de toda a criação. A palavra LOGOS (geralmente traduzida por VERBO ou por PALAVRA) é usada da mesma forma no evangelho de Yochanan (anos depois da morte de Filo), com um desdobramento considerável ao LOGOS de Filo:no prólogo joanino (João1: 1-14) aqui o LOGOS, do quarto evangelho, ele não apenas participa da criação, como ele é o próprio Deus Criador que se fez carne e habitou entre nós. Um conceito que foi extraído da filosofia grega, conforme veremos na teologia ensinada pelos apologistas ou polemistas dos séculos II e III, e que não há nenhum respaldo nas escrituras hebraicas.
        Por outro lado, o pensamento filoniano só poderia ter ascendência sobre um cristianismo em vias de helenização, e que, por fim, seu pensamento filosófico e platônico contribuiu decisivamente para configurar a teologia da igreja, notadamente sobre a doutrina da Preexistência/Divindade e Encarnação do Verbo (o LOGOS grego).
          Em síntese, a apologética judeu/alexandrina, através de Filo, comprovadamente, influenciou e abriu caminho aos apologistas do século II.
        É o que veremos, resumidamente, apenas alguns deles, onde nas suas doutrinas (teologias), observa-se o amplo emprego de conceitos extraídos da filosofia grega, notadamente sobre a doutrina da Encarnação do Verbo, o LOGOS grego.
Teologia ensinada pelos Apologistas ou Polemistas dos séculos II e III
Justino Mártir
        Nascido em Samaria, de família pagã de língua grega, Justino converteu-se ao cristianismo provavelmente em Éfeso, na época de Adriano, fixando-se a seguir em Roma, onde abriu uma escola. Cerca de 165 E.C., foi levado ao martírio.
        Justino deixou obra considerável, que Eusébio chegou a conhecer na íntegra, mas dela sobreviveram apenas três trabalhos de autenticidade comprovada: duas Apologias e o diálogo com Trifão, tratado antijudaíco em forma polêmica.
        Como filósofo e profundo conhecedor da cultura grega, Justino considerava haver convergência entre os melhores produtos do pensamento pagão e o cristianismo,  pois ambos recebiam inspiração da mesma fonte: “Não foi somente aos gregos e pela boca de Sócrates, que o VERBO mostrou a verdade. Também os bárbaros foram esclarecidospelo mesmo VERBO,  que assumiu forma sensível, tornou-se homem e chamou-se Jesus Cristo  (1Apol. 5-4).
Clemente de Alexandria
        Nascido em Atenas, era filho de pais pagãos. Viajou muito e estudou filosofia com muitos “mestres” pagãos antes de começar a estudar com Panteno, em Alexandria, onde tornou-se discípulo. Por volta de 190 E.C., consagrou-se à atividade docente, até 215 E.C., quando morreu.
        Clemente tinha o ideal de um filosofo cristão como o seu objetivo. Segundo ele, a filosofia grega seria aproximada do cristianismo a fim de que se compreendesse que o cristianismo era a filosofia superior e definitiva. De suas obras mais importantes, preservaram-se três: “o Protréptico, Pedagogo e Stromateis”, das quais destacamos a primeira.
        O Protréptico (discurso persuasivo) é dirigido aos pagãos e combina uma critica rigorosa dos cultos e crenças do paganismo com uma teoria do LOGOS,em que este é apresentado como a origem dos elementos de verdade contidos na filosofia grega, que em Jesus Cristo se revelou mais tarde em toda plenitude.
        Sobre a teoria do LOGOS, Clemente de Alexandria, reinterpreta e reveste a filosofia grega, de inspiração platônica, com uma roupagem cristã, ou seja, Jesus Cristo é o LOGO grego, que se revelou mais tarde.
Orígenes
        A glória de Clemente foi eclipsada pela de Orígenes, que embora lhe sucedendo à frente da escola de Alexandria, nãoparece ter sido seu discípulo. Graças a sua considerável projeção e seus dons de apologista, Orígenes, foi considerado o grande pensador da escola Alexandrina. Sua  curiosidade, entretanto, não se limitou a Bíblia. Era um profundo conhecedor da filosofia grega, que lhe fora ensinada por “mestres” pagãos. Familiarizara-se com todas as correntes intelectuais e religiões da época, as quais lhe influenciaram o pensamento em graus diversos.
        Adversário do Gnosticismo, sob muitos aspectos revelou ter com ele estreita afinidade. Além disso, se de um lado sempre proclamou a autoridade suprema da Bíblia, de outro reservou-se à filosofia, especialmente à de inspiração platônica. A filosofia grega desempenhou importante função em seu pensamento, influenciando-o em grande medida. Através de seu pensamento filosófico, identificava-se como médio platonismo, escola de transição entre o platonismo e o neoplatonismo, e dele provieram algumas de suas doutrinas, notadamente a de Deus, da alma, etc.
          A doutrina de Orígenes que revela maior originalidade é a cosmologia. Ao lado de Deus, admitia a existência de um mundo eterno constituído por ”almas” ou essências lógicas, que, antes de tudo, seriam livres e, portanto, sujeitas a mutação. Entre Deus e as essências lógicas situava-se o LOGOS, espécie de intermediário que, evitando o contato direto de Deus comas criaturas, permitia, entretanto, a passagem do simples ao múltiplo. O LOGOS não era Deus na plena acepção, era apenas divino, isto é, Deus por participação. Decorre daí o caráter relativamente subordinacionista da doutrina de Orígenes sobre o LOGOS. A fim de salvar os homens, esse LOGOS encarnara-se, e para tanto revestira-se de um corpo e tomara, como alma, uma essência lógica sem pecado. Mediante sua encarnação, trouxera plena revelação aos homens, que seriam progressivamente educados por ele, para chegar a Deus. Pela morte na “cruz”, “Cristo” oferecera-se em sacrifício propiciatório pelos pecados dos homens e alcançara a vitória sobre as potências demoníacas, que conservavam os homens cativos. O objetivo final da obra do LOGOS, segundo a teologia de Orígenes, é o retorno de todas as coisas ao estado primitivo (apocatástase).
        Orígenes exerceu considerável influência, sobretudo no domínio da exegese e da doutrina do LOGOS (encarnação do VERBO), nas decisões conciliares que aconteceram nos séculos posteriores. A maioria dos teólogos dos séculos III e IV seriam ou discípulos de Orígenes, como Gregório o Taumaturgo, ou tributários de seu pensamento, como os capadócios.
        Clemente e Orígenes, como os dois principais pensadores responsáveis pela escola catequética de Alexandria, deram a inspiração inicial para outro desenvolvimento da especulação que iria se operar no Oriente Cristão. Ambos foram profundamente influenciados, em suas tentativas de compreender e expor a Divindade triúna, pelo platonismo que neste tempo revivia em Alexandria.
        Em suma, as influências e contribuições do mundo helenístico sobre o cristianismo, representaram, comprovadamente, uma ruptura a fé primitiva e genuína.
        Se o cristianismo superou os cultos gregos, romanos e asiáticos, também absorveu certas tradições suas, paganizando-as em certa medida, de modo a tornar-se quase irreconhecível a seus iniciadores judeus.
        Leonard Swidler, doutor em História, citando as palavras de Geza Vermes, declara: “Se o veículo no qual a teologia cristã se desenvolveu fosse o hebraico e não o grego, nãoteria produzido uma doutrina da encarnação no sentido em que a palavra é tradicionalmente entendida”. Swildler acrescentou: “A passagem do universo cultural semita para o helenismo, de um Messias davídico para um Messias preexistente e divinizado, aconteceu quando o cristianismo nos seus primórdios entrava em processo de helenização...”. “A confissão da divindade de Jesus pode ter sido inevitável e bastante pertinente para os gregos e europeus dos séculos anteriores, cujos processos de pensamentos foram moldados pela metafísica platônica”.
        Finalmente, concluindo mais essa síntese sobre: “A HELENIZAÇÃO DO CRISTIANISMO”, podemos afirmar seguramente que: a doutrina da encarnação do VERBO – o LOGOS grego preexistente – constante no prólogo joanino (João 1,14) e, consequentemente, o pseudo nascimento virginal, são comprovadamente, frutos de reflexão e especulação teológica, moldados profundamente em princípios filosóficos gregos, que, progressivamente, através de vários dogmas católicos, fizeram o Mashiach davídico (segundo o contexto bíblico/profético), o LOGOS preexistente de Platão (segundo a filosofia e metafísica grega).
Conclusão
        Concluindo nossa síntese, comprovadamente, segundo a exegese bíblica do contexto histórico/profético e segundo o testemunho apostólico, temos verificado nesse estudo: ”QUEM DIZEM OS HOMENS QUE EU SOU?”, que, Yeshu de Nazareth, filho de Yoseph, era literal e biologicamente da Linhagem (descendência/da semente) de David. Conforme já citado, somente alguém realmente considerado como um descendente (rebento) legítimo, nascido da estirpe (família) de David, poderia, verdadeira e comprovadamente, fazer a seguinte e irrefutável declaração: “Eu, Yeshu, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas.  Eu sou a raiz e a geração de David,  a resplandecente estrela da manhã”. [Apocalipse 22:16].
          O que era inconcebível ou mesmo blasfemo em 60 E.C., no início do caminho delineado por Yeshu, quando os apóstolos ainda viviam, veio a ser doutrina oficial do recém inventado cristianismo, em 325 E.C. – no Concílio de Niceia – o primeiro grande concílio da história do cristianismo. O concílio de Niceia foi decisivo na elaboração de “Grande Igreja Mãe” (catolicismo) que tem legado a cristandade uma teologia contrária à primitiva pregação das congregações dos apóstolos no primeiro século.
        Como resultado dos principais Concílios Ecumênicos (partes oito e nove deste estudo), a fé da igreja católica (e de toda cristandade – filhas e netas – chamadas pelo catolicismo de: “irmãos separados”), se fundamenta, explicando a fé no Pai, no Filho e no espírito santo como perfeitamente antipoliteísta. Para ela, pois, a fé na divindade de “Cristo” não pode ser desligada da fé na trindade – o grande mistério e pilar também da cristandade. Ou seja, segundo a teologia católica, existe uma íntima correlação entre a doutrina da preexistência e divindade de “Cristo” e o deus trino. Afirma o catolicismo: ”Quem combate a preexistência do “Cristo” (o verbo encarnado) denuncia o dogma trinitário como uma especulação”.
      De fato, o grande ”Mistério” do cristianismo é, sem dúvida, a “encarnação do verbo”, uma doutrina, que foi formulada e defendida fervorosamente por Atanásio (“brilhante” assistente de Alexandre, bispo de Alexandria) contra Ário, um carismático presbítero, também de Alexandria, que formulara a tese de que Jesus, o Logos encarnado, não era divino da forma de Deus Pai: fora criado por Deus antes do começo dos tempos. Ário não negava a divindade de “Cristo”, mas não o considerava divino por sua própria natureza. Embora não rejeitasse a trindade, para Ário, o Logos, por conseguinte, era uma criatura; assim, tempo houvera em que não existia e em que Deus não era Pai.       
        Atanásio constituiu-se no principal defensor daquilo que seria a interpretação ortodoxa. Seus pais, ricos, tinham lhe permitido receber sua educação teológica na famosa escola catequética de Alexandria. Ele ao contrário de Ário argumentava que o Logos era Deus da mesma forma que Deus Pai. Partilhava a mesma natureza (substância) de Deus Pai e não fora nem criado e nem gerado. O conflito se acirrou, e os bispos da “igreja católica” se viram obrigados a tomar partido. No entanto, o debate ameaçava dividir a “igreja”. O imperador romano Constantino enfureceu-se: não entendia nada de teologia, mas não pretendia permitir que a controvérsia, entre Ário e Atanásio, pertencentes a mesma igreja católica, cindisse a instituição que devia ser coesa e unitiva. Para o imperador                Constantino, o conflito interno na “igreja”, causaria instabilidade ao império romano. A cristianização do Estado era de suma importância para Constantino, não como religião única a ser adotada pelos romanos, mas como política do império.              
        Constantino procurou então resolver o problema com cartas enviadas ao bispo de Alexandria e a Ário, mas a polêmica extrapolava o âmbito de uma carta do imperador. Constantino convocou então um Concílio dos bispos da “igreja” a fim de encontrar uma solução para a controvérsia Este Concílio se reuniu em Niceia no começo do verão de 325 E.C.. O imperador Constantino presidiu o Concílio, tomando uma posição de liderança teológica no Concílio, quando arbitrou a controvérsia ariana. Sem entender nada de teologia, Constantino declarou seu apoio ao partido de Atanásio, esperando resolver o assunto de uma vez por todas.
          Sob a anuência do imperador romano, os bispos no Concílio de Niceia formularam um credo que expressava as ideias de Atanásio. O símbolo – conforme temos já verificado – exprimia-se nos termos seguintes:
“Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador das coisas visíveis e invisíveis, e em um só Senhor, “Jesus Cristo”, Filho de Deus, único engendrado do Pai, ou seja, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, engendrado e não criado, da mesma substância do Pai, que tudo criou no céu e na terra, que por nós e pela nossa salvação  desceu do céu, encarnou-se e fez-se homem, sofreu e ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu e virá julgar os vivos e os mortos. E creio no Espírito Santo”. “Aqueles que afirmam “houve um tempo em que ele não existia” e “ele não existia antes de ser engendrado” “foi criado do nada”, ou que sustentam ser ele de outra hipóstase ou de uma substância diferente do Pai, ou que o Filho de Deus foi criado, que não é imutável, mas sujeito a transformação, recebem o anátema da Igreja Católica”.
        Contrariamente ao que esperava o imperador, esse texto não encerrou as discussões que, poucos anos depois, reacenderam com todo vigor. Na realidade, era demasiado polêmico, permitia a manutenção de diversos equívocos e, acima de tudo, fora adotado em consequência das pressões do imperador e sob a ameaça de exílio. Mais tarde, entretanto, ao findar o século IV, obteria a unânime aceitação da cristandade, tornando-se um dos grandes textos dogmáticos da igreja católica, relativos à divindade do Filho e à trindade ou triunidade de Deus. (sendo que hoje muitos se apegam a partes desse texto para pregarem a dualidade – o unicismo).
        Finalmente, aqueles que defendem as doutrinas da Preexistência, Divindade e Encarnação do Verbo – o Logos grego, estão, de fato, defendendo a doutrina da trindade que conforme está provado, esta “ortodoxia” é fruto de decisões ecumênicas – conforme verificamos no decorrer deste estudo – na parte em que fizemos um breve resumo dos quatro principais Concílios Ecumênicos do Cristianismo.
Conclusão II   
          Continuando nossa conclusão, não poderíamos deixar de falar daqueles que defendem o dogma trinitário ou o dualismo (a unicidade) e afirmam: ”que o quarto evangelho de Yochanan (o evangelho de João) é o poderoso testemunho da Divindade de “Cristo”, e precisamente ele é o que nos apresenta o Verbo Encarnado”. E o que dizer, principalmente, sobre prólogo joanino – Yochanan [João] 1: 1-18?
          Bart D. Ehman, um dos maiores especialistas em Critica Textual do mundo, sobre algumas passagens do Evangelho, responde: “Os leitores muitas vezes notaram, por exemplo, que o capítulo 21 parece ser um acréscimo tardio. O evangelho certamente parece se concluir em 20: 30,31; e os acontecimentos do capítulo 21 parecem ser uma espécie de meditação posterior, acrescentada provavelmente para completar as histórias das aparições de Jesus ressuscitado e para explicar que quando o “discípulo amado” responsável pela narração das tradições no Evangelho morreu, isso não era imprevisto (cf.21: 22,23). Outras passagens do Evangelho também não são perfeitamente coerentes como resto. Mesmo os versículos de abertura – 1:1-18 – que formam uma espécie de prólogo ao Evangelho, parecem bastante diferentes do restante. O tantas vezes celebrado poema fala do”Verbo” de Deus, que existiu com Deus desde o princípio e sempre foi Deus e se “fez carne” em Yeshu [Jesus Cristo]. A passagem foi vazada em um estilo de alto teor petiço que não se encontra no resto do Evangelho; além disso, à medida que os temas centrais são repetidos no resto da narrativa, alguns dos seus importantes vocábulos não são. Desse modo, Yeshu é retratado durante a narrativa como aquele que veio do alto, mas nunca é chamado de o Verbo em outra passagem desse mesmo Evangelho. É possível que essa abertura do Evangelho tenha provindo de uma fonte diferente do restante do relato e que tenha sido acrescentada como um início apropriado pelo autor depois de o livro ter sido anteriormente publicado?  Aceitemos, por um momento, apenas para manter o argumento, que o capítulo 21 e 1:1-18 não fossem componentes originais do Evangelho”.
          Resumindo, uma coisa é certa, devido a seu estilo literário diferente aos demais evangelhos, e muitos textos que contém expressões mitológicas para estabelecer a preexistência eterna do Filho de Deus, como por exemplo: “desceu do céu” (fórmula acentuadamente mitológica – ver Atos 14:11), evidencia-se o fato de o Evangelho não ter sido elaborado sem nenhuma contribuição externa. Ademais, o próprio prólogo joanino, em questão (João 1:1-18) e sua doutrina da Encarnação do Verbo, se inspira em filosofia grega, de Alexandria, onde o cristianismo, recém criado, sofria pouco a pouco a sua influência, que o levava a fazer do Meshicha (o descendente legítimo, da linhagem de Davi – segundo o contexto profético) o VERBO, o LOGOS preexistente de Platão, segundo a filosofia grega.
        A verdade é que foi sob a influência pagã da filosofia grega, onde através do pensamento platônico de vários filósofos como: Filo, Justino Mártir, Clemente, Orígenes e outros, a teologia “cristã” efetuou a evolução que consistia em substituir a ideia de um homem honrado, tornado divino, a de um ser divino que se tornou homem, através da Encarnação do Verbo. 
          Concluindo: Quanto a doutrina da encarnação do verbo, bem assinalou Hamach, eminente historiador: “A doutrina do Logos é uma invasão metafísico/grega no cristianismo”.
          Ao contrário do que consta em João1: 14, onde diz: ”E o verbo se fez carne...” a mensagem ensinada pelos apóstolos, em relação ao verdadeiro Meshicha – o Descendente de David, prometido e profetizado na Palavra de Yahveh – Yeshu Meshicha, era e sempre será esta:
        Yahveh  o fez Senhor e Meshicha Atos 2:36
        Yahveh  o ressuscitou Atos 3:15; 5:30, etc.
        Yahveh  o elevou a Príncipe e Salvador Atos 5:31
        Yahveh  ungiu a Yeshu Atos 10:38
        Yahveh o constituiu juiz dos vivos e dos mortos Atos 10:42
        Yahveh levantou a Yeshu para Salvador de Israel Atos 13:23
        Yahveh o destinou Atos 17:30,31
        O verdadeiro Meshicha, não teve duas origens: Ou ele é o descendente legítimo da linhagem de Davi, (como ele mesmo se identificou em Apocalipse 22:16), o Leão da tribo de Yehudah profetizado em Gênesis 49: 9,10 (Hebreus 7:14 e Apocalipse 5:5), o descendente da semente santa, prometido por Yahveh em Gênesis 3:15 coforme temos verificado, exaustivamente, segundo o contexto profético e o testemunho apostólico das congregações primitivas, ou ele é o verbo encarnado, no ventre da virgem Maria, segundo a teologia do cristianismo e fortemente influenciado pelo helenismo, onde através deste sincretismo religioso, vários pensamentos e conceitos foram extraídos da filosofia grega, culminando em decisões ecumênicas e dogmas através de Concílios romanos, o principal desses o de Niceia em 325E.C., que mudou tudo.
          Aqueles que procuram desembaraçar-se de toda e qualquer influência da filosofia grega e da apostasia romana (cristandade), e buscam permanecer fiéis as raízes da verdadeira linhagem de fé das verdadeiras congregações de YHWH, conforme seus primórdios, continuam, ainda hoje, crendo e reconhecendo Yeshu como o Meshicha, nascido da linhagem (descendência) de David, em sentido biológico e não metafísico (o LOGOS grego encarnado).
        É como disse um eminente historiador – Vamberto Morais: “Para muita gente, esse “Jesus” talvez seja o suficiente. Mas é inegável por outro lado que a glorificação de “Cristo” na “igreja”, sua adoração nos ícones e imagens, seu encerramento dentro de dogmas e títulos sem conta, sua “iconização”, como disse o padre Comblin, tudo isso contribuiu para prender o verdadeiro “Jesus” (Yeshu Meshicha) e ocultá-lo”.
        Assim como há uma grande distância e diferença entre “as congregações dos doze e a “igreja” de Constantino” também há uma grande distância e diferença entre “o verdadeiro Yeshu Meshicha, do contexto hebraico/profético da Palavra de Yahveh, e o “Jesus Cristo” inventado pela cristandade (uma adaptação para o cristianismo do LOGOS grego). O Meshicha segundo as escrituras proféticas – é um descendente de David por linhagem, o “Cristo” da cristandade, é o Verbo Divino, preexistente, encarnado no ventre de uma virgem.. É o “Cristo” adaptado pelos Concílios. É o Deus da cristandade, que desceu do céu e se fez carne, segundo o dogma da trindade e também a alguns unicistas (dualistas), formulado pela igreja católica, com sua origem no Concílio de Niceia (símbolo da apostasia instalada dentro da cristandade) com a aprovação do imperador romano pagão, Constantino, onde muitas coisas foram oficializadas, além do dogma da trindade, como por exemplo: a observância do domingo (“Dia do Sol”) como dia feriado obrigatório e o principal do calendário eclesiástico da cristandade,tido como um dia de descanso e de culto cívico/religioso; a mudança da data da Páscoa (Pessach), que deveria ser celebrada no dia 14 de Abib (ao por do sol do dia 13 Abib), segundo o calendário bíblico, independentemente do dia da semana em que caísse, no Concílio de Niceia, foi oficializada para o primeiro domingo (dia do sol) seguinte ao 14 de Abib, e muitas outras apostasias que foram criadas.
        A grande meretriz de Apocalipse 18, a Babilônia espiritual/religioso/política, deu de beber as nações (diversos segmentos religiosos: católicos, protestantes, reformistas, messiânicos, etc.), do vinho da ira de sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra (líderes religiosos) se enriqueceram com a abundância de suas delícias (falas doutrinas).     
        Em meio a todo este cenário de apostasia, de antemão já anunciada (Daniel 7:25; 2Tessalonicenses 2:1-3; Atos 20:29,30; 2Pedro 2:1, etc.) e instalada pelo cristianismo, o anjo de YHWH, ainda continua alertando e bradando em alta voz: “Sai dela povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas”.  [Apocalipse 18:4].
        Se você leu este estudo e o entendeu, pedimos que o repasse ao maior número possível de pessoas sinceras que estejam realmente procurando encontrar a VERDADE (Yochanan 17:17) que salva e liberta. Não façamos como muitos que seguem o modelo dos gnósticos e creem que a VERDADE é só para os iniciados... o que recebeste de graça de graça repassai...
        Que Yahveh por intermédio de seu espírito de santidade o ilumine e lhe dê entendimento sobre toda a VERDADE. Que a paz de Yeshu Meshicha esteja sobre ti...
Que assim seja!

Bibliografia [Fontes pesquisadas]
Bíblia Hebraica (traduzida para o Português pela editora Sêfer Ltda)
Bíblia de Jerusalém – Edições Paulinas
Bíblia Sagrada – Edições Vozes
Bíblia Sagrada – Edições Loyola
Bíblia de Estudo Almeida – RA (Sociedade Bíblica do Brasil) SBB
Enciclopédia Judaica – Conhecimento Judaico – Vol. I – N. Ausubel
Dicionário Bíblico – John L. Mackenzie – Ed. Paulinas
A Bíblia e sua História – SBB
O Mundo do Antigo Testamento – Editora Vida
Judaísmo e Cristianismo Antigo – Simon & Benoit – EDUSP
O Cristianismo Através dos Séculos – Earle E. Cairns – Ed. Vida Nova
Jesus Histórico – Cristologia/Ecumenismo – Leonard Swidler – C.E.P.
O Ministério de Jesus – Vamberto Morais – IBRASA
A Pessoa de Cristo – G. C. Berkouwer – JUERP
A Virgem Maria – Giovanni Miegge – Ed. Presbiteriana – C.E.P.
O Que Jesus Disse? O Que Jesus Não Disse? – Bart D. Ehrman – Prestígio Editorial
As Narrativas da Infância de Jesus – C. Perrot – Cadernos Bíblicos – EP
Jesus e os Evangelhos – Jorge Bertolaso Stella – Imprensa Metodista
Jerusalém, Uma Cidade, Três Religiões – Karen Armstrong – Companhia das Letras
O Messianismo Profético – Congregação Monte de Sião